A Netflix anunciou na última terça-feira (19) seus resultados referentes ao primeiro trimestre de 2022 e frustrou os investidores com informações sobre o número de assinantes.
A companhia perdeu cerca de 200 mil assinantes nos três primeiros meses de 2022 e possui agora 221,64 milhões de usuários registrados. Além disso, a empresa se mostrou pessimista em relação aos próximos meses ao prever uma queda de 2 milhões de assinantes no segundo trimestre deste ano.
A informação foi mal recebida pelo mercado e os papéis da gigante de streaming despencaram na Bolsa de Nova Iorque, registrando perdas de quase 30% na Nasdaq.
A Netflix registrou um lucro líquido de US$ 1,6 bilhão no primeiro trimestre deste ano, o que equivale a US$ 3,53 por ação. Na comparação com o mesmo período do ano passado, quando a empresa lucrou US$ 1,707 bilhão, houve queda de 6%.
Já a receita da plataforma ficou em US$ 7,78 bilhões e frustrou o mercado. “Nosso crescimento de receita desacelerou consideravelmente”, disse a empresa em comunicado, após a publicação dos resultados.
Segundo a Netflix, o grande número de pessoas que compartilham a senha de suas contas com amigos vem influenciando o faturamento. Além disso, a concorrência de outros streamings que estão ganhando penetração em todo o mundo também contribuiu para a desaceleração no crescimento das receitas.
“Enquanto trabalhamos para reacelerar o crescimento de nossa receita – por meio de melhorias em nosso serviço e monetização mais eficaz do compartilhamento multifamiliar – estaremos mantendo nossa margem operacional em torno de 20%”, afirma o comunicado da empresa.
Trimestre anterior já tinha sido ruim
O resultado do primeiro trimestre não é o primeiro que frustra o mercado. No trimestre anterior, a maior empresa de streaming do mundo havia anunciado um aumento de 8,3 milhões de clientes de outubro a dezembro do ano passado, o menor desde 2015 e abaixo do que era esperado.
Após a divulgação, que aconteceu no final de janeiro, as ações da empresa enfrentaram uma forte queda de mais de 20% na Nasdaq.
Naquela ocasião, o analista Renan Zanella, da Convex Research, destacou que a empresa vinha sendo apontada como um “consenso” entre os analistas, o que poderia ser uma armadilha para os investidores.
Ele também destacou que como a Netflix é uma empresa de crescimento (growth), o mercado está muito preocupado com o que ela vai entregar no futuro.
“O que mais chama atenção, portanto, não é o aumento de lucro de um trimestre para o outro, mas sim as perspectivas para os próximos períodos”, explicou.
Outro ponto é que as empresas de crescimento costumam ser negociadas a múltiplos mais altos, que já englobam as perspectivas futuras. “Quando as empresas de growth começam a mostrar desaceleração, os múltiplos tendem a cair e o preço das ações também”.