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Investir diretamente no exterior ou através de BDRs?

Para quem ainda não conhece, BDR é a sigla de Brazilian Depositary Receipts, que nada mais são que certificados que representam ações emitidas por empresas em outros países, mas que são negociados aqui, na bolsa brasileira. No final de 2020, este tipo de ativo, que antes era restrito aos investidores qualificados (que tenham mais de R$ 1 milhão aplicados ou que possuam determinadas certificações), foi liberado para o investidor comum.

Curiosamente, várias instituições e pessoas do mercado anunciaram esta novidade como sendo algo muito bom para o pequeno investidor brasileiro. Ocorre que existem vários pontos que tornam o BDR uma opção bem menos vantajosa do que comprar ativos diretamente no exterior – ainda mais agora que os investimentos em ativos internacionais estão a um clique de distância de qualquer pessoa.

Veja algumas desvantagens de comprar BDR em vez de adquirir ativos no exterior:

– Seu dinheiro continua no Brasil, portanto, sujeito às medidas, intervenções (e desmandos) políticos de toda ordem;

– Baixa liquidez (apesar da ligeira melhora em função da liberação para o investidor de varejo, jamais será comparável à liquidez existente nos mercados globais);

– Poucas opções comparadas as MILHARES de opções existentes no exterior, não só de empresas, como também de ETFs;

SPREAD alto;

– Sem isenção de tributação nas vendas com lucro, ao passo que, em ativos estrangeiros, existe a isenção de até R$35.000,00 nas vendas com lucro;

– E, principalmente, o risco de conversibilidade.

De fato, o risco de conversibilidade é o driver mais negativo desse tipo de investimento. Isso porque é MUITO DIFERENTE ter investimentos em dólar propriamente dito do que ter investimentos em reais que, em tese, acompanhem o dólar.

No dia a dia, este risco passa despercebido, contudo, em situações mais extremas (como a da Argentina, por exemplo), ele se torna mais evidente. Quando ocorre um profundo descontrole cambial, existe uma tendência de o governo buscar intervir a fim de “proteger” a desvalorização do país, geralmente adotando medidas (como, por exemplo limitar, a compra de dólares por pessoa, entre outras) que agravam ainda mais a situação.

Citando como exemplo o vem ocorrendo na Argentina, o governo por lá tentou controlar o câmbio e, o que ocorreu é que passou a existir o dólar “oficial”, controlado pelo governo, e o “dólar blue”, cujo preço era definido pelo mercado e chega a valer mais que o dobro do oficial! Nesse caso, quem tinha qualquer investimento atrelado ao dólar (seja em fundos cambiais ou certificados de ações estrangeiras, como o BDR), tem o saldo se valorizando em peso argentino na medida do dólar “oficial”, que corresponde à praticamente METADE do que é efetivamente negociado no mercado.

Pode-se concluir, então, que investir diretamente no exterior é, sem dúvidas, a melhor opção, pois somente dessa forma o investidor estará verdadeiramente diversificado geograficamente e protegidos dos riscos do Brasil, sobretudo aqueles relativos ao câmbio.

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