As palavras “cautela” e “atenção” foram bastante utilizadas por gestores de fundos de investimentos nas cartas mensais direcionadas aos cotistas publicadas em abril.
Com os juros altos nos EUA e a possibilidade de recessão cada vez mais próxima por lá, muitos investidores estão “com o pé no freio”, atentos aos próximos passos do Fed para tomar decisões que afetem o portfólio dos fundos.
A insolvência de alguns bancos nos Estados Unidos também deixou um sinal de alerta. “Permanece a visão mais cautelosa para a economia global. Isso foi reforçado pelos eventos negativos relacionados a bancos nos EUA (bancos regionais) e na Europa (bancos suíços); esse contexto aumenta a incerteza em torno do cenário econômico, que já era relativamente elevada”, afirma a Santander Asset Management.
Na opinião dos gestores, ainda que os problemas enfrentados pelos bancos tenham sido diferentes, o efeito foi o mesmo. “Criou-se maior desconforto em relação ao setor bancário, com a discussão sobre a possibilidade de outros bancos eventualmente apresentarem dificuldades. Isso poderia reverberar sobre as condições financeiras globais, os mercados de crédito e, por fim, sobre a economia real”, alertam.
Para a equipe de gestão da Saks Asset Management, a quebra do Silicon Valley Bank (SVB) nos EUA e o “resgate” do Credit Suisse pelo UBS na Europa não foram “casos isolados”.
“Com as políticas de aumento de juros ainda vigentes no mundo, mais problemas acontecerão principalmente na Europa. O velho continente já apresenta problemas bancários desde a crise bancária europeia no começo de 2010s. Hoje, com mais dívidas nos balanços, juros mais elevados e muitos países envolvidos com pouca cooperação, o trabalho do ECB será muito mais difícil e demorado do que a resposta americana e suíça”, afirmam.
Para a equipe de gestão da Persevera Asset, diferentemente do que vimos no passado recente, desta vez o aperto monetário nos EUA não será facilmente revertido por um comportamento negativo dos mercados.
“Essa configuração econômica nos leva a acreditar que um aperto monetário vigoroso do Fed poderia, sim, causar uma forte contração da economia americana, ou até mesmo uma recessão”, afirmam.