O valor de mercado da Petrobras (PETR3, PETR4) desabou no último mês, influenciado por tentativas do governo de interferir na política de preços da companhia. Nesta segunda-feira (20), o presidente da estatal, José Mauro Coelho, renunciou ao cargo.
Desde o dia 23 de maio, os papéis ordinários já caíram 25%, passando de R$ 39,06 para R$ 29. Já as ações preferenciais recuaram 24%, de 36,20 para R$ 27,30.
Coelho abdicou da presidência após sofrer pressões por conta do aumento dos preços dos combustíveis.
No último sábado, a Petrobras reajustou o preço da gasolina para as distribuidoras em 5,18%, de R$ 3,86 para R$ 4,06 por litro. Para o diesel, a alta foi de 14,26%, passando de R$ 4,91 para R$ 5,61 por litro.
Pouco depois da renúncia, a empresa divulgou fato relevante informando que nomeou o diretor executivo de exploração e produção, Fernando Borges, como presidente interino.
O presidente Jair Bolsonaro reagiu ao aumento criticando a empresa. “A Petrobras pode mergulhar o Brasil num caos. Seu presidente, diretores e conselheiros bem sabem do que aconteceu com a greve dos caminhoneiros em 2018, e as consequências nefastas para a economia do Brasil e a vida do nosso povo”, afirmou Bolsonaro em uma publicação no Twitter.
O presidente aproveitou ainda para citar o lucro da estatal como justificativa para sua posição contra um aumento nos preços dos combustíveis.
“O Governo Federal como acionista é contra qualquer reajuste nos combustíveis, não só pelo exagerado lucro da Petrobrás em plena crise mundial, bem como pelo interesse público previsto na Lei das Estatais”, escreveu Bolsonaro.
Mas não foi apenas Bolsonaro que reagiu ao aumento. O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, também se manifestou publicamente.
“Não queremos confronto, não queremos intervenção. Queremos apenas respeito da Petrobras ao povo brasileiro. Se a Petrobras decidir enfrentar o Brasil, ela que se prepare: o Brasil vai enfrentar a Petrobras. E não é uma ameaça. É um encontro com a verdade”, publicou o deputado no Twitter.
Lembrando que o preço dos combustíveis deve seguir a paridade internacional, política de preços implementada em 2016, durante o governo do ex-presidente Michel Temer e que se baseia nos custos de importação.
Mesmo com o aumento entre 2021 e 2022, o preço da gasolina vem perdendo essa paridade repetidas vezes nos últimos meses.