Os principais índices de ações dos Estados Unidos acumularam perdas no mês de junho, em meio a temores de recessão aliados a uma inflação persistente no país. O S&P500 caiu 8,4%, o Dow Jones cedeu 6,7%, enquanto o Nasdaq recuou 8,7% no mês passado.
Além de registrar baixa no mês, o S&P500, mais importante índice de ações dos EUA, ainda teve seu pior primeiro semestre desde 1970, caindo 20,5% entre os dias 1º de janeiro e 30 de junho.
Grande parte das empresas listadas registra desvalorização em 2022, mas as companhias de tecnologia figuram no topo da lista.
Uma das maiores quedas acontece com a Tesla, fabricante de veículos elétricos do bilionário Elon Musk. Desde o começo do ano, as ações da companhia já desvalorizaram 35%, passando de US$ 1.056 para os atuais US$ 677.
Outra companhia que vem sofrendo bastante é a Amazon, que saiu da faixa de US$ 166 no final do ano passado para US$ 106 atualmente, uma desvalorização de 36%.
Outras gigantes do setor como Apple e Alphabet (dona do Google) também registram quedas significativas, acima de 20% no ano.
Inflação em alta e alto risco de recessão
O último CPI (índice de preços ao consumidor, na sigla em inglês) divulgado mostrou uma inflação de 8,6% na base anual no mês de maio, maior número desde 1981.
Diante deste cenário, o mercado está em alerta. Uma pesquisa da Sifma (Securities Industry and Financial Markets Association) divulgada esta semana mostrou que 80% dos economistas norte-americanos apontaram a estagflação como o maior risco de longo prazo para a economia do país.
Na semana passada, o Goldman Sachs projetou 30% de chance para que a economia norte-americana entre em recessão no ano que vem. A previsão anterior foi de 15%, em meio a uma inflação recorde e um cenário macroeconômico fraco alimentado pela invasão russa da Ucrânia.
“Vemos agora uma probabilidade de 30% de recessão ao longo do próximo ano (ante 15% antes) e probabilidade condicional de 25% entrar em recessão no segundo ano se a evitarmos no primeiro ano, indicando uma probabilidade cumulativa de 48% para o horizonte de dois anos (ante 35% antes)”.
Além de ter revisado suas estimativas para o futuro da economia dos Estados Unidos, o Goldman Sachs posicionou suas estimativas do PIB dos EUA abaixo do consenso para os próximos dois anos.
“O Fed tem antecipado os aumentos de juros de forma mais agressiva, as expectativas para a taxa terminal aumentaram, e as condições financeiras se tornaram mais apertadas e agora indicam um peso substancialmente maior sobre o crescimento – um pouco mais do que pensamos ser necessário”