Entre os anos de 2017 e 2022, a presença feminina em cargos executivos, diretoria e conselho de administração cresceu 78%, de acordo com dados de uma pesquisa feita pelo TradeMap. Porém, mesmo com o avanço, as mulheres ocupam apenas 14,5% das posições de comando das empresas de capital aberto no Brasil.
Outro estudo, o Relatório Raio X do Investidor Brasileiro da Anbima (referente a 2022), demonstrou que aproximadamente 3/4 das mulheres brasileiras ainda está fora do mundo dos investimentos.
Mas o interesse das mulheres pelo mercado financeiro vem aumentando e a presença feminina está se fortalecendo nos últimos anos, seja pela facilitação do acesso aos diferentes tipos de investimentos e, principalmente, crescimento do alcance da educação financeira e conhecimento.
Muito dessa distribuição de conhecimento sobre o mercado é feito pelas próprias mulheres, que utilizam de suas posições de liderança para inspirar outras mulheres e mostrar que o mercado financeiro pode ser essencial para a conquista de liberdade financeira e controle de sua própria vida e futuro.
Neste dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, o Money Crunch trouxe uma lista de 5 mulheres que se destacam atualmente no mercado financeiro. Confira:
1. Leda Braga
Engenheira e executiva brasileira, Leda Braga é fundadora, acionista majoritária e CEO da Systematica Investments, gestora especializada em fundos quantitativos, com sede na ilha de Jersey, no Reino Unido.
Leda é conhecida por ser atualmente a mulher mais influente do mercado de fundos de hedge no mundo, com sua empresa tendo cerca de US$ 13 bilhões em ativos sob gestão.
Em 2008, Leda ganhou o apelido de “rainha dos fundos quantitativos”, pois, no momento em que o mundo passava por um período de grave recessão econômica, o BlueTrend, fundo gerenciado por ela na época, observou ganhos de 43%. Naquele ano, a média dos concorrentes foi de quase 12%.
A executiva nasceu na cidade do Rio de Janeiro, em abril de 1966, mas mudou-se para Londres em 1987 para cursar doutorado em engenharia no Imperial College.
Durante a infância e adolescência, foi premiada na Olimpíada Brasileira de Matemática e tornou-se a primeira menina a integrar uma delegação brasileira na Olimpíada Internacional de Matemática, que ocorreu em Paris.
Sua formação foi em Engenharia Mecânica na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).
Ao longo de sua trajetória profissional, atuou como professora e pesquisadora, analista quantitativa de derivativos do JP Morgan, gestora do maior fundo da Cygnifi Derivatives e, em 2015, abriu sua prórpia empresa, a Systematica Investments.
No ano seguinte, em 2016, foi a primeira mulher a aparecer na lista entre os gestores mais ricos do mundo, na posição de número 44.
Em 2019, 2020 e 2021, a brasileira foi considerada uma das 100 mulheres mais influentes das finanças europeias. Ela e a Systematica já ganharam uma série de prêmios de organizações e publicações do mercado financeiro.
2. Cathie Wood
Cathie Wood é CEO e CIO da Ark Investment Management LLC, gestora de investimentos de âmbito global. Com sede em Nova York, conta com mais de US$ 10 bilhões de patrimônio líquido.
Cathie ficou conhecida por ter sido uma das primeiras pessoas a antecipar o boom das ações da Tesla, se tornando hoje uma das maiores e melhores gestoras que atuam no mercado financeiro global.
A executiva nasceu em Los Angeles, porém, por conta do trabalho do pai, que atuava como engenheiro de sistemas de radar da Força Aérea dos Estados Unidos, Cathie passou sua infância em lugares como Inglaterra, Irlanda, Alabama, Nova York e Califórnia.
Desde bem nova já demonstrava interesse por tecnologia, se apaixonando pela área de inovação. Em 1981, se formou como bacharel em finanças e economia. Na época, recebeu o título de “Summa Cum Laude”, a máxima qualificação possível em uma graduação universitária.
Cathie ingressou no mercado de trabalho como economista assistente no Capital Group, com apenas 22 anos. Nos anos seguintes, passou pela Jennison Associates, Tupelo Capital Management e AllianceBernstein.
Partindo de suas ideias de criação de fundos negociados em bolsa gerenciados ativamente com base na naquilo que chama de “Inovação Desruptiva”, Cathie funda em 2014 a Ark Invest.
Dentro da gestora, Cathie conseguiu colocar em prática as ideias e valores que sempre defendeu: a aposta agressiva e direta em negócios inovadores e disruptivos. A Ark possui investimentos ecléticos, mas que, de forma geral, não fogem da ceara que engloba as maiores tendências tecnológicas do mercado.
Por contar com uma equipe de profissionais especializados em diversas áreas, com diferentes localidades, Cathie Wood foi apelidada de a “Rainha dos Investimentos”.
3. Jane Fraser
Em fevereiro de 2021, Jane Fraser se tornou a primeira mulher a chegar ao cargo mais alto (CEO) de uma das principais instituições financeiras dos Estados Unidos, o Citigroup. Na época, a imprensa norte-americana disse que ela quebrou o “teto de vidro” do setor bancário nos EUA, já que, até o momento, as maiores empresas de Wall Street só haviam sido comandadas por homens.
Jane nasceu em St. Andrews, na Escócia, em 1967. No Reino Unido, se formou em Economia no Girton College, da Universidade de Cambridge.
Com 20 anos, foi trabalhar no departamento de Fusões e Aquisições do banco Goldman Sachs, em Londres, e posteriormente na consultoria Asesores Bursátiles, em Madrid. Sua ida aos Estados Unidos foi no inicio da década de 90, quando passou a estudar na Escola de Negócios de Harvard, onde obteve um MBA em 1994.
A executiva começou a trabalhar no Citi em 2004, dentro da divisão de investimentos e clientes corporativos, em Londres. Em 2007, assumiu a posição de chefe global de Estratégia e Fusões e Aquisições, em Nova York.
Na época, Jane comandou a venda da divisão de valores mobiliários do grupo no Japão para o banco Sumitomo Mitsui, um negócio de US$ 8 bilhões, e deu início à alienação da corretora Smith Barney ao banco Morgan Stanley.
De acordo com a revista Fortune, Fraser supervisionou 25 acordos de fusão e aquisição em 18 meses, cujos valores somados representavam quase US$ 1 trilhão.
De 2009 até 2021, ela já atuou como CEO global da divisão de “private banking” do Citi, CEO das áreas de varejo e de financiamento imobiliário (hipotecas) do banco nos Estados Unidos, CEO do Citi na América Latina e, por fim e mais recentemente, presidente do Citi e CEO global de Consumer Banking.
Ao longo destes 19 anos na mesma empresa, Fraser ficou conhecida como solucionadora de problemas. É qualificada de “escocesa corajosa”(“Gutsy Scot”) pelo jornal Financial Times.
Um exemplo disso foi sua atuação durante os períodos mais graves da pandemia de Covid-19, proibindo a realização de videoconferências internas às sextas-feiras e instituindo um feriado geral na empresa chamado Citi Reset Day, com o objetivo de evitar o esgotamento de funcionários na pandemia.
4. Thaise Saeter
Jornalista e empreendedora, Thaise Saeter é COO (Diretora de Operações) da casa de análise independente Convex Research e também uma das figuras mais influentes quando o assunto é mercado cripto no Brasil.
Thaise se formou como jornalista em 2011 e, posteriormente, adquiriu formações em Marketing, pela New York University e ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing).
Desde a época de estudante, Thaise sempre mostrou seu interesse por temas relacionados à tecnologia, economia e mercado financeiro. Por conta de sua vontade de se comunicar de maneira efetiva com diferentes setores, criou em 2015 a Jornalística, uma das primeiras Agências de Assessoria de Imprensa a focar em startups do país.
Porém, muito do seu background veio da experiência no mundo corporativo. Entre 2013 e 2014, foi executiva de comunicação corporativa no Grupo Invest e, entre 2014 e 2015, Digital Strategist e Assessora de Imprensa na hago! Comunicação.
Sua entrada na Convex Research ocorreu em 2018, juntamente com a fundação da empresa. De lá para cá, assumiu a área de comunicação e marketing da research, focando em transmitir mensagens e insights de maneira direta e clara, sempre agregando valor aos assinantes.
Em suas redes sociais, além de compartilhar sua vida pessoal como mulher, empreendedora e, mais recentemente, mãe de primeira viagem, Thaise oferece insights do mundo cripto, trazendo conhecimento de base e análises que fogem dos ruídos do mercado.
5. Cristina Junqueira
Nascida no interior do estado de São Paulo, na cidade de Ribeirão Preto, a engenheira de produção Cristina Junqueira ocupa o cargo mais alto do maior banco digital do mundo, o Nubank.
Em 2020, ela foi a única brasileira a estar presente na lista Fortune 40 under 40. Paralelamente, a revista britânica FinTech Magazine elegeu Junqueira como a segunda mulher mais importante do mundo no universo das fintechs em março de 2021.
Cristina se formou em Engenharia de Produção na Universidade de São Paulo (USP) no ano de 2004. Logo após concluir a graduação, ingressou no mestrado na mesma instituição de ensino. Nesta mesma época, trabalhou como analista de sistemas no Unibanco e como consultora interna na Booz Allen Hamilton.
Em 2007, se mudou para os Estados Unidos, onde estudou finanças e marketing na Northwestern Univesity. Ao retornar para o Brasil, em 2008, assumiu o posto de superintendente de negócios no Itaú Unibanco, onde trabalhou por quase um ano na área de seguros para pequenas e médias empresas (PMEs).
Posteriormente, se tornou head de produtos da LuizaCred, permanecendo no negócio por quase três anos. Retornou ao Itaú Unibanco em 2012 para atuar na área de cartões da instituição financeira. No período, propôs ideias inovadoras para o segmento, contudo, não obteve apoio interno.
No ano seguinte, fundou o Nubank, juntamente com Edward Wible e David Vélez. A proposta do banco era contrapor as altas tarifas bancárias cobradas no Brasil.
Já em seus primeiros anos de existência, o Nubank conseguiu captar uma grande quantidade de clientes para o seu portfólio.
Por conta das vantagens em relação ao concorrentes, como isenção de taxas de manutenção, o banco digital passou a crescer e a conquistar espaço no mercado brasileiro.
Em 2021, a fintech estreou na bolsa de valores americanas, e Cristina Junqueira era detentora de uma fortuna de R$6,3 bilhões.
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