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Presidente da CVC pede demissão, Hurb em apuros: a crise do setor de viagens

Na noite da última quarta-feira (24), a CVC anunciou ao mercado que o diretor-presidente da companhia, Leonel Dias de Andrade Neto, renunciou ao cargo. Ele havia comandado a empresa por cerca de três anos.  

Com a renúncia, a CVC Corp ficou sem CEO e CFO (diretor financeiro). Isso porque o CFO Marcelo Kopel também deixou a empresa no mês passado.

A saída dos dois executivos acontece em meio a problemas financeiros enfrentados pela companhia. No começo deste ano, a CVC precisou negociar o alogamento de prazo das suas debêntures (títulos de dívida) emitidas no mercado.

Há poucas semanas, a divulgação dos resultados do primeiro trimestre de 2023 mostraram um prejuízo líquido de R$ 128 milhões entre janeiro e março deste ano. Um ano antes, as perdas haviam sido ainda maiores: R$ 166,8 milhões.

Max Mustrangi, sócio da consultoria Excellance-Gestão de Turnaround e Reestruturação, especializada em reestruturação de empresas, afirma que a vem CVC está ligada ao momento atual da economia. Com alta na inadimplência e uma inflação cada vez maior, as pessoas tendem a cortar do orçamento itens que pesam no orçamento, como as viagens. “[essa redução das viagens] destrói o fluxo de caixa de uma empresa altamente endividada e alavancada como a CVC”, destacou Mustrangi ao Money Crunch.

Para ele, mesmo renegociando dívidas como fez recentemente, a situação da CVC é bastante complicada. “[os executivos] sabem o que está acontecendo, por isso essa saída do CEO e do CFO. É um grande sinal de que há um problema, e vejo até mesmo risco alto de a empresa entrar com pedido de recuperação judicial”, afirma o especialista.

Hurb e aéreas também têm problemas

Outra empresa do setor de viagens que apresenta problemas é a Hurb, agência digital que oferece pacotes por um preço bem mais baixo do que os praticados pelo mercado.

Em meio a uma série de denúncias de clientes que não conseguiram viajar, o CEO da empresa se envolveu em diversas polêmicas – inclusive em discussões com clientes – e acabou pedindo demissão do cargo no começo de abril.

De acordo com o Procon-SP, entre as reclamações de clientes da Hurb estão casos em que datas foram apresentadas e posteriormente canceladas pela própria empresa, não havendo o reembolso dos valores pagos conforme estabelecido em contrato.

Há ainda relatos de que o próprio hotel em que se daria a hospedagem entrou em contato com o consumidor, informando que o pacote de estadia teria sido cancelado por falta de repasse de valores pela Hurb. “A empresa não está conseguindo gerar caixa e não cumpre o contrato com os clientes”, afirma Mustrangi.

Mas o especialista reforça que além de haver questões que envolvem a gestão das empresas, existe um problema estrutural que afeta todo o setor de viagens. “As próprias companhias aéreas estão enfrentando dificuldades”, pontua.

Desde o início da pandemia, em março de 2020, quando as viagens foram drasticamente reduzidas em todo o planeta, o setor precisa lidar com prejuízos bilionários.

De acordo com a ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil), as principais aéreas brasileiras acumularam prejuízo líquido de R$ 15,19 bilhões em 2021. Esse valor foi 25,3% menor na comparação com os dados apurados no mesmo período de 2020, quando a soma do prejuízo do ano ficou em R$ 20,3 bilhões.

Em 2022 o prejuízo das aéreas diminuiu, mas a situação ainda segue difícil. “Mesmo com a desalavancagem, os resultados continuam no vermelho”, destaca Mustrangi.

Segundo ele, um fator importante foi a drástica redução das viagens corporativas depois da pandemia. “As reuniões de trabalho agora são trocadas por uma call virtual e isso tem um impacto grande na margem de lucro pro setor como um todo”, destaca.

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