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Americanas, Light, Marisa: dívidas de empresas preocupam e investidores devem ficar atentos

O escândalo contábil da Americanas deflagrado no mês passado provocou grande impacto no mercado financeiro, afetando o desempenho de grandes fundos de investimentos que detinham papéis (tanto ações quanto debêntures) da empresa, além de bancos que emprestaram dinheiro para a companhia.

Os pequenos investidores de varejo também foram fortemente afetados, já que as ações da empresa (AMER3) registram queda de 90% desde a divulgação das inconsistências contábeis.

O caso da Americanas acendeu um sinal de alerta ao mercado, que viu outras companhias de grande porte assumindo dificuldades de arcar com o alto endividamento.

Uma delas foi a Light (LIGT3), que anunciou recentemente a contratação da consultoria financeira Laplace – a mesma que acompanhou a Oi durante o seu processo de recuperação judicial. A Light afirmou que a assessoria vai ajudá-la na “avaliação de estratégias financeiras que viabilizem a melhoria de sua estrutura de capital”.

Outra companhia que vem apresentado dificuldades financeiras é a Marisa. A empresa informou que contratou a BR Partners para ajudá-la no processo de reestruturação da sua dívida, que chega a R$ 200 milhões apenas em vencimentos de curto prazo.

Segundo Carolina Taira, portfolio manager da B.Side Investimentos, o principal motivo para a dificuldade financeira das empresas é a taxa de juros superior a dois dígitos por um período prolongado (desde fevereiro de 2022).

“Isso impacta de aumento de custo nas operações da companhia. Tomar novas dívidas no mercado se torna muito mais caro. Vemos que os principais casos de dificuldades vêm de empresas já alavancadas, de setores cíclicos e mais dependentes da economia doméstica como, por exemplo, varejistas”, disse a especialista ao Money Crunch.

Para os investidores que desejam investir em debêntures e escolher ativos por conta própria, ela aconselha que seja feita uma boa avaliação da saúde financeira da companhia, o setor na qual ela está inserida e se a taxa e o prazo são condizentes com a oferta. Os objetivos da empresa com os recursos que serão captados e as garantias em caso de calote também devem ser observadas.

Como nem todos têm experiência para este tipo de avaliação, uma boa opção é recorrer ao auxílio de uma assessoria profissional, que possa realizar análises de créditos e acompanhamento periódico dos papéis.

Segundo Carolina, apesar de o mercado de crédito privado no Brasil ainda seguir resiliente, os ativos high grade são preferíveis neste momento do que os high yields.

A denominação high grade define ativos de crédito com pouca chance de calote, emitidos por empresas com baixo endividamento. Por serem menos arriscados, eles pagam um retorno menor. Já os high yields oferecem uma remuneração mais atrativa, mas o risco de crédito do papel também é mais elevado.

Já para aqueles que investem em crédito privado por meio de fundos de investimento, o risco pode ser menor – já que a carteira do fundo costuma ser bastante pulverizada. Ainda assim, é importante tomar alguns cuidados.

“A vantagem de investir num fundo é que você já adquire uma carteira diversificada. Para comprar um fundo de crédito privado, um investidor deve avaliar a experiência e qualidade da equipe de analistas e gestão, entender como é gerido o risco do fundo e observar o histórico, especialmente como o fundo performou em momentos de maior turbulência”, destaca.

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