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S&P 500: Retorno do lucro ajustado à inflação é o menor desde os anos 1980

As ações norte-americanas seguem em um patamar de preço elevado e os principais índices das Bolsas figuram no topo dos últimos meses.

O índice S&P 500, mais importante referencial do mercado acionário dos EUA, está atualmente na faixa dos 4.160 pontos, mais de 70% acima do patamar atingido no crash de março de 2020, no auge da crise provocada pela pandemia de Covid-19.

No entanto, vários indícios vêm mostrando que o preço dos papéis já não condiz com os fundamentos das empresas e o mercado de ações vive o final de um ciclo de alta.

Uma das métricas que mostra essa forte possibilidade de mudança de direção da Bolsa são os rendimentos de lucros das empresas (earnings yields) do S&P 500 ajustados pela inflação (CPI – Consumer Price Index).

Um gráfico divulgado por Richard Rytenband, economista e CEO da Convex Research, mostra que os rendimentos dos lucros das empresas, descontada a inflação, atingiram um patamar negativo pela primeira vez desde o ano 2000 e se encontram no nível mais baixo desde 1980.

“Nas últimas semanas surgiu um sinal no índice acionário americano S&P 500 que não aparecia desde o auge da bolha pontocom. Esta métrica costuma antecipar períodos muito ruins em termos de retorno para o mercado acionário quando está em patamares muito baixos”, explicou o economista.

Segundo ele, o nível atual indica que o meercado está cada vez menos atrativo para os investidores. “Em outras palavras, é um mercado muito caro”, pontuou.

O earnings yield representa o lucro de cada ação em relação ao preço de cotação do ativo.

Veja o gráfico:

Mas não é apenas Rytenband que vem notando esse fato e alertando os investidores. Recentemente, Liz Ann Sonders, estrategista-chefe de investimentos da Charles Schwab, deu o mesmo aviso.

“O rendimento dos ganhos do S&P 500 ajustado pela inflação caiu drasticamente e está em seu nível mais baixo desde 1981”, afirmou ela, no Twitter.

Em resposta, vários seguidores concordaram e lembraram que a inflação norte-americana também vem preocupando o mercado, apesar de ter sido minimizada pelo presidente do Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA), Jerome Powell.

Em comunicado divulgado recentemente, Powell disse que a economia e o mercado de trabalho dos EUA se “fortaleceram” e que, embora a inflação tenha subido, ele acredita que isso se deve a fatores temporários.

“O Sr. Powell disse que o recente salto da inflação é algo transitório. Muitos analistas dizem que o CPI (índice de inflação dos EUA) continuará em alta. Veremos nas próximas semanas quem está certo”, disse um seguidor no Twitter de Liz Ann.

Preços não devem continuar subindo

Em um artigo recente publicado no site da Nasdaq, a consultora financeira Katie Brockman destacou que o mercado de ações norte-americano experimentou uma alta acentuada nos últimos meses, e que há uma boa chance de esteja caminhando para um movimento de forte correção.

“Alguns investidores temem que essa tendência de alta não possa continuar por muito mais tempo e que a bolha do mercado de ações estourará em breve. Quando isso acontecer, os preços das ações podem despencar”, alertou Katie.

Apesar de não cravar que o mercado de ações está em uma bolha, ela afirma que é seguro que haverá uma desaceleração. “Afinal, os preços das ações não podem continuar subindo para sempre. Quando, exatamente, isso acontecerá, ninguém sabe, mas é uma boa ideia estar pronto não importa o que aconteça. É assim que estou preparando minhas finanças para a crise inevitável”, concluiu.

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