Na semana passada, o mercado foi pego de surpresa com o pedido de demissão do CEO da Americanas, Sergio Rial, que havia assumido a posição há apenas 9 dias.
Rial renunciou ao cargo no mesmo momento em que a empresa divulgou fato relevante informando que haviam sido encontradas “inconsistências contábeis” de R$ 20 bilhões, o que provocou a queda de mais de 77% das ações da Americanas no dia seguinte.
Junto com o executivo, o CFO (Chief Finance Officer, ou diretor financeiro) André Covre também pediu demissão em meio ao escândalo contábil da empresa – ele havia iniciado no cargo no mesmo dia que Rial.
Mas casos de executivos do alto escalão que permanecem por pouco tempo em seus cargos não são tão raros assim. O Money Crunch montou uma lista com outros exemplos de executivos que permaneceram em suas posições por curtos períodos. Confira:
Andrew Thorburn (clube Essendon): 1 dia
Andrew Thorburn foi CEO do clube Essendon, da Australian Football League, por apenas 24 horas.
Thorburn renunciou ao cargo por conta de polêmicas envolvendo revelações de que ele atuava como presidente do conselho de uma igreja anglicana chamada City on a Hill.
Em 2013, esta igreja fez publicações de cunho homofóbico, o que gerou repúdio por parte do governo da Austrália.
Andrew Thorburn renunciou ao cargo logo após estas afirmações, dizendo: “Hoje ficou claro para mim que minha fé cristã pessoal não é tolerada ou permitida em praça pública. Eu estava sendo obrigado a transigir além de um nível que minha consciência permitia.”
Jorge Gomez (Moderna): 2 dias
Jorge Gomez durou apenas dois dias no cargo de diretor financeiro (CFO) da farmacêutica Moderna. Seu mandato foi de 10 a 12 de maio de 2022.
Gomez saiu da posição após sua antiga empregadora, a Dentsply Sirona, abrir uma investigação sobre sua conduta.
A Dentsply, empresa de equipamentos dentários, anunciou que o comitê de auditoria do seu conselho estava investigando o uso de incentivos para venda de produtos por distribuidores e se esses incentivos foram contabilizados de maneira correta.
A companhia também investigou alegações que membros atuais e antigos da diretoria autorizaram o uso de incentivos e outras ações para alcançar as metas de bônus no ano passado.
Mesmo tendo ficado apenas dois dias como CFO da Moderna, Gomez recebeu US$ 700 mil como rescisão, mas abriu mão de bônus de US$ 500 mil e outras compensações.
André Covre (Americanas): 9 dias
Juntamente com Sergio Rial, a passagem de André Covre pela gestão da Americanas foi muito breve – ele permaneceu somente 9 dias no cargo de CFO.
Seu mandato teve início nos primeiros dias de janeiro, durando apenas até a última quarta (11), data em que estourou o escândalo envolvendo as inconsistências contábeis da companhia.
Segundo Sergio Rial, ambos deixaram os seus respectivos cargos pela “necessidade de abrir espaço para que a empresa pudesse se reestruturar de um ponto de partida totalmente distinto do que esperava encontrar”.
Anthony Scaramucci (Casa Branca): 10 dias
Anthony Scaramucci trabalhou como diretor de comunicações da Casa Branca, nos Estados Unidos, por apenas 10 dias, entre 21 e 31 de julho de 2017.
Já em sua nomeação, as reações dentro da Casa Branca foram tensas: o chefe de gabinete Reince Priebus e o porta-voz Sean Spicer deixaram seus cargos por causa da contratação de Scaramucci.
Uma semana após sua posse, Scaramucci atacou Priebus, chamando-o de “esquizofrênico paranóico” em uma conversa com um repórter.
Na mesma conversa, proferiu insultos aos estrategista-chefe Steve Bannon. Mais tarde, Scaramucci twittou seu arrependimento pela “linguagem colorida”.
Grande parte dos 10 dias de gestão de Scaramucci foi protestando contra os “vazadores” do governo.
Alan Fishman (Washington Mutual): 17 dias
Substituindo Kerry Killinger como parte da reestruturação do banco Washington Mutual em meio à da crise de 2008, Alan Fishman foi CEO por apenas 17 dias.
Fishman teve seus ativos bancários confiscados pelo Governo Federal e as operações bancárias do WaMu foram vendidas para o JPMorgan Chase por $ 1,9 bilhão. No dia seguinte o banco declarou falência.
O preço das ações da empresa caiu para apenas alguns centavos depois de ser negociado a US$ 45 por ação em 2007.
José Mauro Ferreira Coelho (Petrobras): 40 dias
José Mauro Ferreira Coelho assumiu o cargo de presidente da Petrobras em 14 de abril do ano passado, mas deixou a posição 40 dias depois, em 23 de maio.
Até a nomeação para a Petrobras, Coelho era presidente do Conselho de Administração da Pré-Sal Petróleo (PPSA), companhia pública responsável pela gestão dos contratos do pré-sal.
Ele foi indicado pelo governo Bolsonaro para assumir a presidência da estatal em 6 de abril, após a recusa do economista Adriano Pires, por suposto conflito de interesses.
A mudança na gestão ocorreu em um momento de forte pressão do governo para uma mudança na política de preços da companhia, e também após o presidente Jair Bolsonaro trocar o comando do Ministério das Minas e Energia.
José Mauro foi substituído por Caio Paes de Andrade.
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