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Balanço de Big Techs mostra foco em IA; especialista aponta vantagens e desafios da tecnologia

Nas últimas semanas, as Big Techs (maiores empresas de tecnologia do mundo) apresentaram seus resultados nos Estados Unidos, com números acima das expectativas do mercado.

Mas além de terem surpreendido com receitas e lucros além do esperado, outro fato também chamou atenção: a importância cada vez maior que estas grandes empresas de tecnologia estão dando para a Inteligência Artificial (IA).

As 4 big techs que reportaram seus resultados ainda no mês de abril foram Alphabet (dona do Google), Meta (dona do Facebook e Instagram), Microsoft e Amazon. A Apple optou por divulgar seus números no dia 4 de maio, e não aparece neste levantamento.

Nas conferências para apresentação dos balanços destas quatro companhias, o termo Inteligência Artificial foi citado 186 vezes no total, como mostra o gráfico a seguir:

A Alphabet foi a empresa que mais fez citações à tecnologia, com 65 menções.  Durante a teleconferência de apresentação dos resultados, Sundar Pichai, CEO da companhia, destacou que a IA representa uma “incrível oportunidade” para consumidores, parceiros e todo o negócio da Alphabet. “Eu comparo com a transição bem-sucedida que fizemos do desktop para a computação móvel uma década atrás”, afirmou.

Segundo especialistas, a tendência é que os investimentos em Inteligência Artificial continuem aumentando. Nas empresas cujo foco do negócio é justamente a tecnologia, a IA permite a automatização de processos, aumentando a eficiência e reduzindo os custos operacionais.

“Essa eficiência se traduz em maior lucratividade e permite que as empresas invistam em outras áreas, como pesquisa e desenvolvimento. A IA possibilita a análise de grandes volumes de dados, permitindo que as Big Techs compreendam melhor as necessidades e preferências de seus usuários. Isso possibilita a criação de produtos e serviços personalizados que atendam às expectativas do público, resultando em maior satisfação do cliente e fidelidade à marca”, afirma Fernando Fleury, fundador e CEO da deep tech Armatore Market + Science, em entrevista ao Money Crunch.

Com uma velocidade de processamento extremamente rápida, a IA consegue analisar grandes quantidades de dados em tempo real, fornecendo informações valiosas para a tomada de decisões estratégicas destas grandes companhias. “Essas análises permitem que as empresas identifiquem tendências emergentes, antecipem mudanças no mercado e tomem decisões”, afirma Fleury.

O executivo aponta que a quantidade absurda de dados em poder das Big Techs leva ao questionamento: “Quem será considerado o verdadeiro líder na transformação que estamos vivendo? Quem será apontado como a Big Tech responsável pela disrupção entre o passado e o novo?”, pergunta.

Quanto melhor essas empresas souberem analisar e utilizar os dados de maneira rápida, precisa e eficiente, mais relevante será a informação gerada e, consequentemente, maior será o lucro obtido. “Por exemplo, anúncios mais assertivos, buscas mais exatas e respostas mais próximas do que os usuários realmente precisam. Liderar essas mudanças não apenas colocará o nome dessas empresas na história, mas também trará satisfação a milhares de acionistas”, destaca Fleury.

Chat GPT e desenvolvimento recente

O barulho em cima do ChatGPT, inteligência artificial no formato de chatbot (robô que responde perguntas) criada pela OpenAi, ajudou a mostrar para o público em geral um pouco da capacidade desses sistemas – e também levou muitas empresas a acelerarem o lançamento de suas soluções baseadas em IA.

“Embora algumas dessas tecnologias já estejam prontas para uso, o mercado ainda está em pleno desenvolvimento e muitas inovações ainda estão por vir”, afirma Fleury.

Nos últimos meses, a Microsoft lançou uma ofensiva nesta área com o aperfeiçoamento do buscador Bing, que vem adotando gradualmente recursos de IA da própria OpenAI.  Mas o investimento na tecnologia não fica restrito apenas às gigantes do setor. A Armatore, por exemplo, lançou recentemente sua própria IA, que gera insights textuais.

“Isso mostra que empresas estão atentas às tendências e buscam se estabelecer como líderes no setor, mesmo que o desenvolvimento de suas soluções ainda esteja em andamento. Foi o que o ChatGPT fez de forma muito eficiente”, afirma Fleury.

Ao mesmo tempo, o executivo também pontua que o rápido crescimento da IA levou ao surgimento de soluções de qualidade duvidosa, além de algumas tecnologias não atendem os padrões esperados para serem classificadas como soluções de IA.

“Esse fenômeno é comum em setores em transformação, quando o mercado ainda está se ajustando. Com o tempo, acredito que o próprio mercado irá filtrar o que é bom e o que é ruim, deixando espaço apenas para aquelas que realmente agregam valor e atendem às expectativas do público e dos investidores. Esse processo de seleção natural deve resultar em uma maior maturidade do mercado de IA e no surgimento de soluções cada vez mais sofisticadas e eficazes”, afirma.

Os desafios

Em meio ao crescimento da IA e o avanço de pesquisas e investimentos no setor, especialistas também apontam alguns desafios, como por exemplo a possibilidade de informação falsa gerado pelas chamadas “deepfakes”.

Para Fleury, a qualidade dos dados utilizados para “treinar” os algoritmos é crucial para evitar esse tipo de resultado. “Para isso, é importante garantir que os dados sejam representativos da população e livres de viés. As empresas e pesquisadores devem implementar práticas rigorosas de coleta e análise de dados para assegurar a imparcialidade dos algoritmos desenvolvidos”, afirma.

O executivo destaca ainda que a utilização de dados pessoais por sistemas de IA devem ser realizados de maneira transparente, sempre respeitando a privacidade dos indivíduos. “Políticas e práticas de coleta e uso de dados devem ser estabelecidas, garantindo que o consentimento dos indivíduos seja obtido de forma adequada e informada. Aqui o uso do blockchain pode auxiliar muito”, afirma.

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