Nesta terça-feira (14), a Ocean Winds, joint-venture da Engie e EDP Renováveis dedicada à energia eólica offshore, lançou sua unidade no Brasil, já dando o pontapé inicial a projetos da fonte que somam 15 gigawatts (GW) de potência.
Em entrevista à agência de notícias Reuters, o gerente de Desenvolvimento de Negócios da Ocean Winds para o Brasil, José Partida Solano, disse que a empresa enxerga no país um mercado promissor para a tecnologia, mas avalia que há um longo caminho até que as primeiras turbinas offshore comecem a produzir.
Atualmente, a OW conta com unidades em operação na Europa, Estados Unidos e Ásia.
Segundo Solano, a companhia está “de olho no potencial offshore brasileiro” desde o ano de 2020, vendo como atrativos o perfil de ventos fortes próximos à costa e a possibilidade de instalação de parques offshore perto de importantes centros de consumo de energia, como as regiões Sudeste e Sul.
Dos 15 GW em projetos da OW que estão em processo de licenciamento ambiental, 12,2 GW se concentram nos Estados do Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro.
O maior deles, Ventos do Sul, na costa gaúcha, terá 6,5 GW e será dividido em duas áreas fixadas no fundo do mar e uma flutuante.
Porém, mesmo com os empreendimentos iniciados, o gerente afirma que ainda há uma série de passos para que eles possam sair do papel, como a definição de regras por parte do Estado para que as empresas possam explorar as áreas no mar.
“Se o Brasil conseguir ter uma regulação até o final do ano, conseguiríamos ter projetos em operação antes de 2030… Acho que esse seria um objetivo realista, pode ser antes, em 2027 ou 2028”.
explicou José Partida Solano
Além disso, mesmo que a indústria eólica onshore já esteja consolidada no Brasil, a offshore demandará nova capacitação de mão de obra e reforços na cadeia de suprimentos, uma vez que os aerogeradores e fundações instalados no mar têm porte muito maior dos que ficam em terra.
Portanto, para definir a forma de contratação da energia gerada pela nova fonte, serão necessários leilões voltados à contratação para o mercado regulado, como forma de estimular a indústria offshore no Brasil e até gerar preços mais baixos e mais competitivos.
“Os preços de energia offshore estão ficando mais competitivos, no Reino Unidos você consegue viabilizar um projeto sem participar de um leilão específico, no mercado livre… Acho que é uma tendência que vamos ver no mundo, ter eólicas offshore em mercados mais maduros sem precisar de leilões de energia”.
Pelas estimativas da OW, no caso do Brasil, as eólicas offshore demandariam de 13 a 16 bilhões de reais em investimentos a cada gigawatt, pouco mais do que o dobro das eólicas em terra, disse Solano.
O Brasil possui um potencial de 700 GW para eólicas em alto mar, de acordo com o mapeamento da Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Se houver uma redução de 20% no Capex (despesa com investimento) dessa fonte, mais projetos podem se tornar viáveis, e a eólica offshore poderia chegar a 16 GW de capacidade até 2050, estima a EPE.