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Fórum de Davos tem concentração de jatos particulares; custos e emissões de poluentes são altos

Durante esta semana acontece na cidade suíça de Davos a 52ª reunião anual Fórum Econômico Mundial (FEM), que contará com 52 chefes de estado e governo, além de líderes empresariais e intelectuais para debater os principais temas que fazem parte do cenário global atual.

Assim como em outros anos, os aeroportos suíços ficam congestionados pela quantidade de voos, sobretudo de jatinhos particulares.

Conforme informações apuradas pelo jornal britânico The Guardian, são esperados mais de mil voos nos aeroportos suíços durante a semana do evento.

Jatinhos em 2022

No ano passado, a análise da consultoria holandesa CE Delft indicou que o evento recebeu 1.040 aviões, que contribuíram com 9.700 toneladas de emissões de CO2, que equivalem às emissões de 350.000 carros médios durante uma semana.

Em relação às semanas anteriores e posterior ao evento, as emissões de jatinhos particulares quadruplicaram no período do evento.

De todos os jatinhos privados que chegaram para o Fórum de 2022, a maioria realizou voos de curta distância. Cerca de 53% eram menos de 750 km e 38% eram voos ultra-curtos de menos de 500 km – ou seja, distâncias que poderiam ser percorridas de trem, por exemplo.

Os países com o maior número total de chegadas e partidas de e para Davos foram Alemanha, França e Itália.

Quanto custa uma viagem de jato particular?

De modo geral, o custo de um jatinho executivo fretado tem seu valor derivado de vários fatores, os mais usados são:

  • Preço estimado por hora ou por km/milha percorrido;
  • Custo das taxas de aterrissagem no aeroporto;
  • Custos de FBO (Base Fixa do Operador) relacionados ao manuseio e utilização do terminal de jato particular;
  • Custos de pernoite;
  • Tarifa mínima de voo ou de viagem mínima.

Portanto, para se obter um custo por hora do voo oferecido ao cliente final, os operadores normalmente calculam seus custos fixos e variáveis ​​e impõem uma pequena margem sobre isso.

Dessa forma, o custo por hora pode variar de US$2.200,00, para uma aeronave turbo-hélice, até US$11.000,00/h ,no caso de grandes jatos transcontinentais.

A taxa mínima de viagem (ou distância mínima) é aplicada para justificar custos fixos e garantir um valor mínimo justo de um voo fretado. Na maior parte das vezes, variam de uma a duas horas de voo.

No caso do Brasil, o valor mínimo para fretar um jatinho particular é de de R$16.160,00 (cerca de US$2.890) na rota Jundiaí – Curitiba, a bordo do jato leve Citation CJ1.

Utilizando apenas aviões executivos baseados no Brasil, o voo mais caro possível é de São Paulo para Xangai. A aeronave Gulfstream G550 é capaz de realizar voos transcontinentais mais longos e custa aproximadamente R$2,52 milhões para a rota.

Gasto de combustível por jatinhos particulares

O custo por hora do combustível para um jatinho particular pode ir de US$500/hora a quase US$2.000/por hora. Quanto maior a aeronave, maior o consumo.

No caso da rota feita para Davos, a distância partindo de São Paulo, por exemplo, é de 9650 km. Portanto, considerando as cerca de 11 horas de viagem, o custo seria de US$11.000,00 – equivalente a mais de R$ 53 mil na cotação atual.

Porém, esse valor é referente apenas ao combustível, o custo final considera outros fatores, como ressaltamos em parágrafos anteriores.

Quanto um jato particular polui?

Um estudo feito pela organização Transport & Environment, que defende a mudança nos transportes da Europa para uma matriz de energia limpa, mostra que os jatos particulares são entre cinco e 14 vezes mais poluentes do que os aviões comerciais, e 50 vezes mais poluentes do que os trens.

No início da produção e utilização de jatinhos particulares, no final da década de 60, as aeronaves queimavam cerca de 579 galões de combustível por hora.

Com o passar do tempo, os jatinho se tornaram mais eficientes. Mas, de forma geral ,queimaram cerca de 100 a 500 galões de combustível por hora. os jatinhos sempre

Um jatinho leve, como o Cessna Citation Mustang ou o Embraer Phenom 100EV, produzirá aproximadamente uma tonelada de dióxido de carbono por hora de voo. Nestas aeronaves, a capacidade é geralmente até quatro passageiros.

Então, cada passageiro produz 0,25 tonelada de dióxido de carbono por hora. Mas, incluindo os pilotos, o valor chega a cerca de 0,16 tonelada.

No caso de jatinhos leve mais modernos, como o Embraer Phenom 300E ou o Cessna Citation CJ3 +, a produção passa para cerca de 2 toneladas de dióxido de carbono por hora de voo. A capacidade aqui é para até 6 passageiros.

Dessa forma, se produz 0,33 tonelada por passageiro a cada hora. Incluindo os pilotos, esse número fica em 0,25 tonelada.

Em jatinhos de médio porte, como o Cessna Citation Sovereign+ ou o Embraer Legacy 500, geralmente a aeronave produz 3 toneladas de CO2 por hora de voo.

Como podem transportar até 8 passageiros, cada passageiro é responsável por 0.375 toneladas. Com os pilotos, o número cai para 0,3 tonelada.

As aeronaves mais poluentes são aquelas que podem transportar de 12 a 19 passageiros. Neste caso, a maioria produz de 4 a 8 toneladas de CO2 por hora de voo.

Protestos em Davos

O aspecto poluente dos jatinhos é uma das críticas feitas por manifestantes que se concentraram no aeroporto privado de Davos na última segunda-feira (16).

Klara Maria Schenk, ativista do Greenpeace para transportes, afirmou:

“Dado que 80% da população mundial nunca voou, mas sofre com as consequências das emissões da aviação, e que o fórum afirma estar comprometido com a meta climática de 1,5°C de Paris, esta bonança anual de jatos particulares é uma aula de hipocrisia”.

O Greenpeace exige a proibição de jatos particulares e voos de curta distância onde há rotas de trem na União Europeia, como é o caso de algumas das viagens registradas para Davos no período da cúpula no ano passado, segundo o jornal The Independent.

Além dos protestos contra os jatinhos, centenas e pessoas participaram numa marcha promovida pelo coletivo “Strike WEF, manifestando-se contra a crise climática, o capitalismo ou a desigualdade global.

Entre em contato com a redação Money Crunch: [email protected]

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