Imagine uma montanha imponente, com mais de 5 mil metros de altitude, que é considerada um dos maiores símbolos de uma nação e pode ser vista de vários pontos da sua capital.
Agora coloque na balança o fato desta montanha não pertencer mais ao território daquele país que a venera, mas sim ao vizinho que anexou as terras em um movimento geopolítico bastante contestado.
É neste contexto que está inserido o Monte Ararat. Apesar de se localizar geograficamente na Turquia, a montanha é um dos maiores símbolos da Armênia, país da região da Eurásia que também faz fronteira com Irã, Geórgia e Azerbaijão.
O monte dá nome ao curta-metragem que estreia em breve nos principais festivais de cinema brasileiros, escrito e dirigido pelo cineasta Guto Gomes.
Em “Ararat”, Gomes busca trazer a cultura da Armênia para perto do expectador e jogar luz em um dos episódios mais tristes da história mundial: o genocídio armênio, iniciado em 1915 pelo império Turco-Otomano (hoje Turquia) e que exterminou entre 800 mil e 1,8 milhão de pessoas em quase 9 anos.
O enredo gira em torno de dois irmãos de descendência armênia, donos de uma confeitaria em São Paulo – a Ararat Doces – que produz iguarias típicas do país.
Em 24 de abril de 2015 o genocídio completou 100 anos e a data seria lembrada por toda comunidade armênia no Brasil. Os descendentes buscam reconhecimento das atrocidades contra seu povo – principalmente por parte dos turcos, já que muitos ainda mantêm uma postura de negação.
No entanto, na véspera do dia 24, uma informação faz com que toda carga emocional dos conflitos volte à tona: a Ararat Doces, que forneceria parte da comida do evento, iria passar pela vistoria de um inspetor da vigilância sanitária com suposta origem turca.
“A partir daí começa a tensão entre os irmãos, que relembram os problemas entre os dois países”, diz Gomes, em entrevista ao Money Crunch.
De origem armênia, o diretor pretende trazer um olhar afetivo, que não remeta apenas à catástrofe, mas também aborde temas familiares.
“Trago imagens de arquivos e coisas dos meus próprios parentes para tentar criar um panorama humano, que vai além do conflito. Queremos mostrar um pouco da cultura armênia por meio desta história”, disse.
Para atingir o resultado esperado, Gomes tentou passar o sentimento do povo daquele país para a equipe. “Quando lidamos com uma história como essa, que diz respeito ao passado das pessoas e aborda um tema bastante delicado, é preciso um cuidado ainda maior para expressar a mensagem que queremos transmitir”, afirma. “O grande desafio do diretor é fazer com que as pessoas da equipe entrem na mesma frequência. E todos embarcaram de cabeça nesse processo”, continua.
Com José Abujamra, Joaquim Muylaert e Christian Manos no elenco, o curta foi todo gravado em estúdio durante a pandemia de Covid-19. “O processo de produção e gravação durou mais do que o normal por conta das restrições da pandemia. Mas o resultado ficou incrível”, diz Gomes.
Ficha Técnica:
Atores: José Abujamra, Joaquim Muylaert e Christian Manos
Com a participação de Tony Kassabian, Claudia Nakashian, Daron Dikran Kalaydjian e Vartine Kalaydjian
Escrito e Dirigido por Guto Gomes
1ª Assistente de Direção: Katherine Katritsis
2ª Assistente de Direção: Giulia Zanini
Assistente de Base: Giulia Tessitore
Continuidade: Letícia Viana e Victoria Clemente
Diretor de Fotografia: Pedro Moreno
Chefe de elétrica: Pedro Cauduro de Góes 1ª Assistente de Câmera: Millena Rosado Silva 2ª Assistente de Câmera: André Fridman Chefe de Maquinária: Fernanda Naomi Suguimat
Logger: Pedro Linguitte
Color: Caetano Braga
Direção de Produção: Vinicius Pascal e Laís Serrano
Produtores Associados: Mariana Papazian e Humberto Crispim
Produtores Executivos: Richard Rytenband, Guto Gomes, Amanda Kadobayashi e Marcio Rosario
Assistente de Produção: Lucas Rios
Realização: Atrito Filmes e Três Tons Visuais
Direção de Arte e Figurino: Camicrua e Vitor Hugo Sales
Produção de objetos: Clarice Duo
Assistentes de estúdio: Lais Serrano, Vinicius Pascal, Lucas Rios e Renata Mayer
Assistentes de arte: Lucas Rios, Renata Mayer e Lucas Caldas
Design gráfico: Vitor Hugo Sales
Som: Giulia Casado
Microfonista: Lara Takazaki
Trilha sonora: Rafael Monteiro
Edição de Som e Mixagem: Raphael Lupo
Desenho de som: Raphael Lupo e Guto Gomes
Gravado por: Rafael Monteiro e Leonardo Kapáz / Big House Studios
Storyboard: Victor Morelli
RP: Luiza Parente
Tradução e legendas: Isabelle Izoldi
Ilustrações: Taline Caetano
Making Of: Felipe Speyer