De acordo com o estudo “The Cost of Living Crisis: How big is the gap between outgoings and incomings around the world?” (A crise do custo de vida: quão grande é a diferença entre despesas e entradas em todo o mundo?, em tradução livre para o português), a cidade de Lisboa é a 3ª mais cara para se viver.
Realizado recentemente por uma seguradora britânica, o levantamento mostrou que, em média, um aluguel de um apartamento de três quartos em Lisboa custa €1.625 (R$8.791,25) – subtraindo o salário médio mensal de cerca de €1.037 (R$ 5.610,17) e o custo de vida de €561 (R$3.035), o saldo no final do mês acaba saindo no valor negativo de €1.149 (R$6.216).
Esse valor ainda não considera as despesas com escolas privadas, que faria o custo familiar aumentar, em pelo menos €500 (R$ 2.705). Mesmo sem esse custo, uma família na capital portuguesa não consegue, dessa forma, chegar ao final do mês sem dívidas.
Segundo brasileiros que vivem em Lisboa, nota-se o aumento do custo de vida desde a alimentação ao valor dos imóveis.
“É bem significativa a diferença do custo de vida há quatro, cinco anos, na verdade, há dois anos para esse momento que estamos vivendo agora. Algumas coisas se fazem notar mais, por exemplo, a parte de energia. Também reparamos no supermercado um aumento grande, na carne bovina, produtos frescos como frutas, legumes e nos remédios. Outra coisa que eu notei foi o aumento em restaurantes”,
contou a jornalista Renata Cordeiro, em entrevista à Luciana Quaresma, correspondente da RFI em Lisboa
Já para Adrian Gomes, professora de ginástica artística, o aumento do custo de vida a faz pensar em deixar a cidade.
“Já estava caro quando eu cheguei e agora subiu muito mais. A gente trabalha, trabalha e trabalha e parece que não vê resultado, que o dinheiro não cresce junto com a inflação […] Eu tenho um filho de quatro anos e criança cresce rápido. Temos que estar sempre comprando roupa e a gente consegue acompanhar nas despesas diárias e mensais e verificamos que vestuário também subiu um absurdo, mas não dá para não vestir as crianças. É muito complicado.
disse a professora
A mudança foi a solução encontrada pela empresária Cristine Carreira para conseguir ter melhores condições de vida no país. Atualmente, Cristine vive em Braga, cidade no norte de Portugal.
“A minha saída de Lisboa para Braga aconteceu não só pela compra de um imóvel muito mais barato da mesma tipologia do que eu pagaria em Lisboa mas também pela qualidade de vida que eu tenho aqui, numa cidade menor, onde consigo me deslocar muito mais fácil pra escolas, para parques, para um hospital. Então quando a gente consegue organizar a vida, numa cidade menor que te oferece tudo com esta facilidade acaba por ter um impacto na nossa vida financeira. O que Braga me oferece eu teria mais dificuldade para fazer as mesmas coisas em Lisboa”
Na pesquisa, Lisboa só perde para Roma e Londres, no topo da tabela como a cidade mais cara para se viver. O ranking foi feito a partir do cálculo entre o custo de vida, o custo médio dos aluguéis e o salário médio de 56 cidades ao redor do mundo.