A clássica divisão de portfólio 60/40 (60% em ações e 40% em renda fixa), comum nos Estados Unidos, vem mostrando retornos bem abaixo da média.
De acordo com um levantamento do economista Richard Rytenband, CEO da Convex Research, feito com base no terminal Bloomberg, o rendimento deste portfólio atualmente é o pior desde a crise de 2008.
“Como já mencionei em outras ocasiões, o momento atual dos mercados é complexo e com características que dificultam o gerenciamento de portfólio”, diz Rytenband.
Segundo o economista, outros momentos ruins para a alocação clássica ocorreram no estouro da bolha da internet em 2000 e na última estagflação dos anos 1970/1980. Veja abaixo o gráfico:
Portfólio 60/40 sob pressão
Um relatório recente divulgado pela BlackRock, maior gestora de recursos do mundo, também aponta desequilíbrios neste tipo de alocação.
“A estrutura 60/40 está sob pressão. As ações estão perto de máximas, mas concentrações altas e valuations esticados podem criar riscos elevados [nesta classe de ativos]. Ao mesmo tempo, os títulos de renda fixa têm seus retornos corroídos pela inflação”, diz o documento.
A gestora aponta que os índices de ações dos EUA estão mais concentrados em grandes empresas de tecnologia e registram “níveis historicamente caros em comparação com os últimos 20 anos”.
“Facebook, Amazon, Apple, Netflix, Google, Microsoft agora representam mais de US$ 9 trilhões em valor de mercado ou cerca de 23% de todo o índice S&P 500”, apontam os analistas.
Apenas três anos atrás, estas mesmas empresas valiam juntas cerca de US$ 4 trilhões ou 17% do índice. Se consideramos um período de 5 anos, esses números eram ainda menores: US$ 2,5 trilhões de market cap e 12% do S&P500.
Com os valuations mais esticados, fica cada vez mais difícil obter retornos consistentes. “Pode ser hora de questionar se o que funcionou no passado continuará funcionando no futuro”, diz a Black Rock.
Na renda fixa, a situação também está complicada e a alta generalizada dos preços continua afetando os ganhos reais dos papéis.
“A inflação persistentemente mais alta está corroendo o potencial de retorno dos títulos, que vem apresentando rendimento real negativo”, aponta o relatório.
Rytenband, da Convex, destaca que o momento exige cada vez mais atenção dos investidores, que devem fazer uma seleção cada vez mais criteriosa das suas aplicações.
“Definitivamente não estamos lidando com um cenário “trivial”, o momento exige e vai exigir cada vez mais dos investidores”, afirma.
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