Quando falamos sobre tipos de análises no mercado financeiro costumamos pensar na análise fundamentalista e análise técnica, utilizadas para ajudar a precificar as ações e fazer estimativas de preços-alvo destes ativos.
Mas existe um outro tipo de análise que não se restringe apenas ao mercado acionário e que ainda é pouco conhecida do público em geral, mas que tem grande importância na montagem de um portfólio balanceado e convexo: é a análise intermercados.
Essa forma de análise envolve o estudo de diversas classes de ativos que são correlacionadas – como ações, títulos de renda fixa, commodities e moedas. O objetivo é determinar a força ou a fraqueza da classe de ativo, comparando-a com as outras classes. O conceito foi apresentado pela primeira vez por pelo analista John Murphy, em seu livro “Trading with Intermarket Analysis”.
“Na análise de um sistema complexo (que pode ser um país, uma economia, os mercados, etc) devemos ter mais foco nas interações do que nas partes em si, que isoladamente não possuem a capacidade de explicar a dinâmica do sistema. Por isso é fundamental a análise intermercados, considerando todas as classes de ativos: títulos de dívida, ações, commodities, criptos e mercados globais”, afirma Richard Rytenband, economista e CEO da Convex Research.
É importante destacar que muitos sinais de fragilidade ou força são obtidos a partir desse tipo de análise. Apenas para citar um caso, a deterioração no mercado de títulos de dívida de um país costuma antecipar correções importantes do mercado de ações.
Antes de investir no mercado acionário dos Estados Unidos, por exemplo, é interessante estudar os títulos de dívida norte-americanos (treasuries), os preços das commodities e o dólar. Afinal, mudanças nestes mercados impactam diretamente o preço das ações e precisam ser consideradas para que o investidor possa estimar a direção dos ativos no futuro.
Correlação positiva e negativa
Sempre que estudamos as interações entre duas classes de ativos podemos chegar em uma correlação positiva ou negativa. A correlação positiva significa que ambas tendem a se mover em conjunto. Neste caso, a correlação pode chegar a 1, o que seria uma correlação positiva perfeita. No mundo dos investimentos, significaria que dois ativos se movem de forma paralela. Obviamente, a correlação perfeita é muito rara.
Qualquer leitura de correlação entre 0,7 a 1, sustentada por um longo período de tempo, indica que as duas variáveis são estatisticamente significativas uma para a outra. Por isso, identificar essas correlações por meio da análise intermercados pode ser muito útil para os investidores na tomada de decisões de compra ou venda de um ativo.
Já uma correlação negativa aponta que duas variáveis tendem a se mover de forma inversa. Quanto mais próxima a correlação estiver de -1 (correlação negativa perfeita), maior é a probabilidade das duas variáveis se moverem em direções exatamente opostas. Já quando a relação é negativa, mas muito próxima de zero (-0,1, por exemplo), indica que a relação negativa entre as duas variáveis é fraca.
Como fazer esse tipo de análise
Para o investidor comum, fazer cálculos de correlação positiva ou negativa não é algo trivial, pois envolve conhecimento estatístico e matemático mais avançado. No entanto, ao menos analisar e buscar entender o comportamento de outras classes de ativos antes de optar por uma aplicação, esse investidor já terá mais chance de sucesso nas suas escolhas.
Na Convex Research, a análise intermercados é vista como primordial e todos os estudos e relatórios levam em consideração estudos deste tipo, que são feitos com base em relações estatísticas e matemáticas e possuem alto grau de assertividade.