Em balanço publicado ontem (9), o Bradesco anunciou que, ao final do 4º trimestre de 2022, registrava um lucro líquido de R$ 1,595 bilhão, o que representa uma queda de 75,9% em relação ao mesmo período de 2021, e de 69,5% em relação ao trimestre imediatamente anterior.
“Com os recentes eventos envolvendo um cliente Large Corporate específico, ocorridos no início de 2023, a Administração reavaliou os riscos inerentes e, de forma prudencial, provisionou 100% da operação, afetando o lucro do 4T22”, afirmou o banco em seu informe de resultados.
Segundo o Bradesco, o resultado foi fortemente afetado por um cliente de atacado, que não teve o nome citado, e que teve todo o crédito provisionado. O texto aponta que o crédito junto a esse cliente era de R$ 4,9 bilhões.
Entre os credores da Americanas, o Bradesco é o banco com a maior exposição absoluta à companhia. O Itaú, que tinha R$ 2,8 bilhões a receber, também optou por provisionar todo o crédito. Por sigilo bancário, as instituições não podem citar a companhia nominalmente.
Este contexto fez com que as provisões do Bradesco contra a inadimplência tivessem um salto para R$ 14,881 bilhões no trimestre, mais de quatro vezes o volume registrado no mesmo período do ano anterior.
Sem isso, teriam sido de R$ 10,030 bilhões, refletindo o aumento da inadimplência. Ao final do trimestre, o resultado operacional do banco ficou negativo em R$ 99 milhões. No ano anterior ficou positivo em R$ 10,283 bilhões.
Na base anual, o banco viu a sua margem financeira cair 1,7%, para R$ 16,677 bilhões. O indicador mede os ganhos da instituição com operações que rendem juros.
Diante de um aumento da carteira de crédito e também de um mix de produtos mais rentável, mas também de maior risco, a margem com clientes subiu 18,3, para R$ 17,480 bilhões.
O risco em questão foi diminuído no segundo semestre, o que reduziu em 0,3% a margem com clientes em um trimestre.
Já na margem com o mercado, que reflete o resultado da tesouraria, o Bradesco teve perda de R$ 803 milhões. O resultado foi provocado pela variação das posições de ativos e passivos da instituição. O spread foi de 9,8%, alta de 0,7 ponto porcentual em um ano, e queda de 0,3 p.p. em um trimestre.
“Potenciais a explorar”
De acordo com Octavio de Lazari Junior, presidente do Bradesco, o banco tem muitos potenciais de negócios a explorar.
“Ao final do exercício, chegamos a um lucro líquido de R$ 20,7 bilhões, apesar da provisão integral para um cliente específico”.
O executivo aponta que, neste ano, as provisões devem acompanhar o crescimento da carteira, e no atacado, devem passar por uma normalização.
“O Bradesco possui historicamente uma importante exposição aos segmentos de baixa renda e pequenas empresas. Nós consideramos esse posicionamento de mercado estrategicamente correto, mesmo que neste ciclo estejamos sofrendo com a inadimplência”, acrescentou.
Ainda segundo ele, a inadimplência teve um crescimento mais rápido que o esperado no ano passado, agravada pela inflação em alimentos e em combustíveis.
Carteira e rentabilidade
A carteira de crédito do Bradesco em dezembro de 2022 estava em R$ 891,933 bilhões, um aumento de 9,8% em relação ao terceiro trimestre do ano passado, e alta de 1,5% na comparação com o período de três meses encerrado em setembro.
Ao fim do 4º trimestre, os ativos do conglomerado somavam R$ 1,830 trilhão, um aumento de 8% em base anual, e contração de 3,2% em termos trimestrais.
O patrimônio líquido do Bradesco era de R$ 154,263 bilhões em dezembro, variação positiva de 4,9% em 12 meses, mas queda de 1,7% em três.
Dessa forma, o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) do banco fechou o período em 3,9%, baixa de 13,6 pontos porcentuais em um ano, e de 9,1 pontos em três meses.
Estamos trabalhando intensamente em nosso objetivo de alcançar retorno recorrente de pelo menos 18%”, finalizou Lazari.
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