Nesta quinta-feira (8), chegou ao fim o reinado de 70 anos de Elizabeth II, a única monarca da história do Reino Unido a permanecer tanto tempo no trono.
Dessa forma, seu primogênito Charles, nascido em 1948, é o sucessor do trono britânico, recebendo o título de Rei Charles III.
Neste artigo, relembramos a vida e trajetória da monarca, que presenciou momentos marcantes durante seu reinado, como a Guerra Fria, criação da zona do euro e o governo de 14 primeiros-ministros da Inglaterra.
Nascimento e infância de Elizabeth II
Elizabeth Alexandra Mary Windsor nasceu em 21 de abril de 1926, no bairro de Mayfair, na região central da cidade de Londres. Foi a primogênita de Albert Frederick Arthur George e de Elizabeth Bowes-Lyon, Duque e Duquesa de York, posteriormente, Rei George VI e Rainha Elizabeth (A Rainha Mãe).
Ao nascer, Elizabeth se tornou a terceira na linha de sucessão ao trono britânico, ficando atrás de seu tio Edward – filho mais velho de Jorge V, que era rei do Reino Unido na época – e George, seu pai.
Elizabeth e sua irmã mais nova, Margareth, nascida em 1930, foram educadas em casa sob a supervisão de sua mãe e sua governanta, Marion Crawford. As aulas giravam em torno de história, línguas, literatura e música.
Apesar de sua educação ter sido dentro dos moldes de toda a família real britânica, Elizabeth não era das mais cotadas para assumir o trono britânico, uma vez que caso seu tio Edward tivesse filhos, eles estariam a sua frente na linha sucessória.
Além disso, caso o pai de Elizabeth tivesse um filho, este também passaria a sua frente, por conta da tradição de dar a preferência para o primogênito do sexo masculino na sucessão do trono britânico.
Porém, a ordem esperada para a sucessão do trono foi alterada a partir de acontecimentos do ano de 1936.
Processo de sucessão ao trono
Elizabeth se aproximou da linha de sucessão ao trono britânico, quando em janeiro de 1936, seu avô, Jorge V, faleceu. Com isso, seu tio assumiu a posição, tornando-se o Rei Eduardo VIII.
Contudo, seu reinado durou menos de um ano, pois renunciou ao trono após polêmicas envolvidas em seu casamento com Wallis Simpson, uma norte-americana divorciada.
Ao anunciar seus planos de casar-se com Wallis, Edward acabou causando uma crise institucional no Reino Unido. Como a opinião pública, que se mostrava como bastante conservadora na época, era contrária ao casamento, Eduardo VIII decidiu renunciar ao trono em favor de seu irmão – pai de Elizabeth – que foi coroado em 11 de dezembro de 1936 como Jorge VI.
A coroação de Jorge VI fez com que Elizabeth, aos 10 anos, passasse a ser a primeira na linha de sucessão do trono – visto que era a primogênita e não possuía irmãos.
Segunda Guerra Mundial
O reinado do pai de Elizabeth ocorreu paralelamente aos acontecimentos de um dos maiores conflitos da história, a Segunda Guerra Mundial.
O conflito bélico se iniciou em 1939. A entrada do Reino Unido foi em setembro, após ter declarado guerra à Alemanha.
De 1939 a 1945, Londres foi alvo frequente de bombardeios aéreos e muitas das crianças londrinas foram evacuadas. Dessa forma, Lorde Douglas Hogg, 1º Visconde de Hailsham, sugeriu que as duas princesas, Elizabeth e Margareth, fossem evacuadas para o Canadá, mas a Rainha Mãe rejeitou a proposta, dizendo: “As crianças não vão sem mim. Eu não vou partir sem o Rei. E o Rei nunca partirá”.
Então, até o natal de 1939, as irmãs permaneceram no Castelo de Balmoral, localizado na Escócia. Após, foram para a Casa de Sandringham, em Norfolk. De fevereiro a maio de 1940 elas viveram na Pousada Real, em Windsor, até mudarem para o Castelo de Windsor, onde viveram pela maior parte dos próximos cinco anos.
Em 1943, com 16 anos, ao visitar sozinha os Grenadier Guards, tropas de infantaria de elite do Exército britânico, Elizabeth fez sua primeira aparição pública.
Mas, com a aproximação de seu aniversário de 18 anos, a lei foi alterada para que pudesse atuar como uma dos cinco Conselheiros de Estado, caso seu pai ficasse incapacitado ou estivesse no exterior, como durante sua visita a Itália em 1944.
Sua aproximação com as forças armadas se intensificou ainda mais em fevereiro de 1945, quando aderiu ao Auxiliary Territorial Service, um grupamento de mulheres que serviam como voluntárias em funções variadas para o exército britânico. Nesse serviço, foi treinada como motorista e mecânica.
Os biógrafos de Elizabeth afirmam que no momento em que os Aliados declararam a vitória do conflito, ela e sua irmã, com 19 e 15 anos, respectivamente, saíram às ruas de Londres para celebrar a derrota dos nazistas.
Além disso, durante todo o período da Segunda Guerra, Elizabeth trocou cartas com aquele que, anos depois, seria o seu marido, o príncipe Philip.
O casamento com Philip, duque de Edimburgo
Elizabeth conheceu Philip, príncipe da Grécia e da Dinamarca e seu primo de terceiro grau por descendência da Rainha Vitória, em 1939, durante sua visita à Escola Naval de Dartmouth. Na época, ela tinha 13 anos e ele, 18.
A troca de cartas entre os dois se deu após Elizabeth ter dito para pessoas próximas de seu convívio que estava apaixonada pelo jovem príncipe. Na guerra, Philip participou dos confrontos no Mediterrâneo e no Pacífico.
Apenas no fim do conflito, em 1945, que Philip conseguiu a permissão do rei George VI para se casar com a primogênita do monarca com a rainha-mãe.
Porém, para que a união dos dois fosse oficializada, Philip precisou abdicar dos seus títulos das coroas dinamarquesa e grega, se converter ao anglicanismo (religião oficial da Inglaterra) e adotar o sobrenome Mountbatten, herdado de seus parentes britânicos.
Porém, a repercussão da oficialização da relação do casal na sociedade britânica não ficou livre de polêmicas, já que Philip era estrangeiro e tinha irmãs casadas com nobres alemães com ligações nazistas.
O noivado se iniciou em 9 de julho de 1947 e, após cinco meses, em 20 de novembro, Elizabeth e Philip se casaram na Abadia de Westminster, em Londres.
Ao se casar com Elizabeth, Philip recebeu o nobre título de duque de Edimburgo e permaneceu na Marinha até a inesperada morte do pai de Elizabeth, em 1952.
O casal teve quatro filhos (Charles, Andrew, Edward e Anne), oito netos (William, Harry, Louise, Zara, Peter, Eugenie, Beatrice e James) e 12 bisnetos (George, Charlotte, Louis, Archie, Lilibet Diana, Savannah, Isla, Mia, Lena, Sienna, August e Lucas).
O falecimento do Duque de Edimburgo foi em 9 de abril de 2021, aos 99 anos, por idade avançada.
A coroação de Elizabeth II
Quando seu pai faleceu, em 6 de fevereiro de 1952, Elizabeth estava em uma viagem no Quênia. Porém, após receber a notícia do óbito, retornou imediatamente para a Inglaterra e, no mesmo dia, um conselho se reuniu no Reino Unido e anunciou que ela sucederia o trono.
Depois de um ano de preparativos, a cerimônia de coroação ocorreu em 2 de junho de 1953, a primeira a ser televisionada da história. Na época, Elizabeth tinha 25 anos.
Após a cerimônia, a Família Real – que ainda era composta por Elizabeth, Philip, Charles e Anne- passou a residir no Palácio de Buckingham, no centro de Londres.
Reinado de 70 anos
Após ser coroada rainha, surgiram dúvidas se a casa real passaria a ter o nome de seu marido, transformando-se na “Casa de Mountbatten” – seguindo a tradição da esposa assumindo o sobrenome do marido após o casamento
Porém, Winston Churchill, primeiro-ministro na época, e a rainha Maria de Teck, se mostraram a favor de manter a Casa de Windsor. Então, ouvindo os conselhos de ambos, em 9 de abril de 1952, Elizabeth publicou uma declaração dizendo que “Windsor” continuaria a ser o nome da casa
No contexto político mundial, quando assumiu o trono, Josef Stalin, Mao Zedong e Harry Truman lideravam a União Soviética, China e Estados Unidos, respectivamente.
Sua atuação como rainha se aplicava a 15 reinos: Reino Unido, Austrália, Canadá, Nova Zelândia, Jamaica, Antígua e Barbuda, Bahamas, Belize, Granada, Papua Nova Guiné, Ilhas Salomão, São Cristóvão e Névis, Santa Lúcia, São Vicente e Granadinas e Tuvalu.
Ao longo de seu reinado, Elizabeth testemunhou a transformação do Império Britânico na Commonwealth de Nações, visitando mais de 100 países e dando seu parecer favorável a mais de 4.000 Atos do Parlamento.
Uma de suas características mais marcantes foi a tradição nas vestimentas, utilizando o mesmo tom de esmalte nas unhas desde 1989, por exemplo.
Sua trajetória também será lembrada pelo fato de ter estado à frente da coroa britânica durante a pandemia da Covid-19. O fato foi considerado, inclusive por ela própria, como um dos maiores desafios do Reino Unido desde a Segunda Guerra Mundial.
Entre em contato com a redação Money Crunch: [email protected]