O mercado acionário norte-americano vem dando cada vez mais sinais de que está sobrevalorizado e pode estar caminhando para um momento de ‘ruptura’.
De acordo com um levantamento realizado pelo economista e CEO da Convex Research, Richard Rytenband, o valor de mercado das 4 “Big Techs” – Apple, Microsoft , Alphabet (dona do Google) e Amazon – já ultrapassou o market cap de todas as empresas de capital aberto do Japão.
Segundo o levantamento, que utiliza dados do terminal Bloomberg, o valor dessas 4 gigantes do setor de tecnologia está acima dos US$ 8,5 trilhões, enquanto a soma de todas as empresas de capital aberto japonesas é de pouco mais de US$ 7,5 trilhões.
Individualmente, a “big tech” com maior market cap é a Apple (US$ 2,58 trilhões), seguida pela Microsoft (US$ 2,29 trilhões), Alphabet (US$ 1,9 trilhão) e Amazon (US$ 1,76 trilhão), somando um total de US$ 8,5 trilhões.
Para você ter ideia de como essas empresas se valorizaram recentemente, em julho de 2020, o valor somado das 4 companhias era de US$ 5,7 trilhões, o que mostra um crescimento de 50% em exatos 14 meses.
No mesmo período, o índice Nasdaq registrou uma valorização de 43% e o S&P500 subiu 40%.
Especialistas alertam sobre possível bolha
Na última semana, um artigo do jornal Financial Times abordou a sobrevalorização das big techs e de outras empresas do setor de tecnologia. “Empresas relativamente jovens alcançaram avaliações impressionantes e os traders impulsionaram ‘até a lua’ o preço das chamadas ‘ações de meme’, como a varejista de videogames Gamestop”, diz o FT.
O artigo destaca que, quanto mais as empresas se valorizam, mais pessoas se animam em aplicar seus recursos em suas ações. Os ganhos encorajaram investidores em todos os lugares, inclusive no Reino Unido, a colocar mais dinheiro em papéis do setor.
Com isso, alguns especialistas expressaram temores de uma bolha. “Parece muito claro que o mercado de ações está extremamente supervalorizado e isso é muito perigoso”, disse o economista britânico Andrew Smithers, especialista em avaliação do mercado acionário. “As bolhas geralmente terminam em lágrimas”, continuou Smithers.
Outro especialista que vem alertando a respeito da sobrevalorização do mercado acionário dos EUA é Jeremy Grantham, cofundador e estrategista-chefe de investimentos da gestora de recursos GMO.
Em entrevista recente ao podcast da revista MoneyWeek, Grantham reforçou a sua visão sobre a possibilidade de uma bolha – que, segundo ele, pode estourar a qualquer momento, sem necessidade de um “gatilho” específico.
“Os livros de história são bem claros: não precisa haver um alfinete [para a bolha estourar]. Ninguém pode dizer qual foi o alfinete no crash de 1929. Não temos certeza nem mesmo se houve gatilho em 2000 [na bolha das pontocom]. É mais comum que o ar comece a escapar. Você chega a um ponto de confiança máxima, de alavancagem máxima, dívida máxima e então o ar começa a vazar”, alertou Grantham.