Se você tem alguma afinidade com o mercado financeiro, provavelmente já ouviu falar no CDS (Credit Default Swap). Mas você sabe o que é e para que ele serve?
O CDS é uma espécie de seguro contra calote das dívidas (tanto de empresas quanto de governos). Por isso, a sua pontuação é utilizada como métrica para o nível de risco de determinada economia ou companhia.
Assim como um seguro, quanto mais alto tiver o CDS de um país, mais arriscado é investir nos títulos daquela nação. O contrário também é verdadeiro: se a pontuação do CDS for muito baixa, significa que o mercado vê poucos riscos naquela economia.
“Esta é uma métrica que pode ser bastante útil na hora de analisar ativos brasileiros, pois sua pontuação mostra o risco de calote dos títulos soberanos do nosso país. Quando o CDS de 5 anos do Brasil está caindo, podemos entender que há um bom humor em relação aos ativos. Quando o CDS sobe, indica uma maior aversão ao risco dos nossos títulos”, explica Richard Rytenband, economista e CEO da Convex Research.
Analisando o gráfico do CDS de 5 anos do Brasil, Rytenband destaca que entre o início de 2018 e fevereiro de 2020 houve uma tendência de baixa do indicador.
No começo do ano passado, com o início da pandemia de Covid-19, a linha do gráfico começa a mudar de direção, até que sofre uma alta acentuada em março, no exato momento do crash dos mercados.
Veja no gráfico abaixo:
Nos últimos meses, Rytenband aponta que o gráfico do CDS vem apresentando alguns sinais que chamam atenção, principalmente quando analisado em conjunto com o gráfico da Bolsa brasileira.
Na comparação entre o gráfico do Ibovespa em dólar e o CDS Brasil de 5 anos, é possível notar que houve um ‘descolamento’ entre as duas pontuações.
“No gráfico da bolsa brasileira, percebemos uma máxima no final de 2020 e outra máxima no final de junho. Pelo CDS, esse movimento do Ibovespa não foi confirmado”, explica Rytenband.
Afinal de contas, quando a Bolsa está em alta, espera-se que o CDS esteja em um nível mais baixo – já que os investidores estão com mais apetite ao risco. Mas não foi o que aconteceu, já que mesmo com o Ibovespa atingindo a máxima, a linha do gráfico do CDS também fez um movimento para cima.
Seguindo a análise do gráfico, Rytenband aponta um outro sinal: uma possibilidade de rompimento de uma resistência próxima dos 180 pontos, o que poderia indicar uma alta mais expressiva do CDS.
Por fim, o CEO da Convex destaca que o CDS é uma métrica importante, mas que deve sempre ser utilizada em conjunto com outros indicadores.
“Nunca utilize um único indicador de forma isolada. Use-o se para extrair insights, observar distorções e acender o sinal de alerta. Se tiverem outras métricas apontando para a mesma direção, o sinal se tornará mais relevante”, conclui.