Após décadas de neutralidade, nesta terça-feira (4), a Finlândia entrou oficialmente para a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). A adesão foi ratificada em uma cerimônia em Bruxelas, na sede da Otan, nesta manhã.
Durante a cerimônia, Pekka Haavisto, ministro das Relações Exteriores da Finlândia, entregou o documento oficial da adesão de seu país ao secretário-geral da ONU, Jens Stoltenberg, e ao secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken. Bliken e chanceleres de países membro do bloco participaram do ato.
A Otan é uma aliança criada em 1949, durante a Guerra Fria, sob a liderança dos Estados Unidos e como oposição à antiga União Soviética. Com 30 países – 31 agora, contando com a Finlândia -, o grupo zela pelos interesses econômicos e militares de seus membros.
Em julho do ano passado, a Finlândia e Suécia iniciaram o processo de adesão, com com forte oposição russa em meio à invasão da Ucrânia.
O último obstáculo foi superado na semana passada, quando o parlamento turco, já integrante da aliança, aprovou a entrada do país nórdico. Na Otan, o ingresso de um novo membro deve ser aprovado por unanimidade por todos os países que já integram a aliança.
A Turquia foi o único membro da Otan a se manifestar contra a adesão dos países nórdicos (Finlândia e Suécia), com quem já travava um embate diplomático havia anos. Os governos sueco e finlandês concederam asilo político a cidadãos curdos que Ancara considera como terroristas.
O presidente turco, Recep Tayip Erdogan, chegou a exigir a extradição desses cidadãos como condição para permitir que os dois países nórdicos entrassem no bloco. Mas, após a intervenção de outros países membros, acabou cedendo.
A entrada do país à Otan é um dos principais movimentos da geopolítica mundial desde o início da guerra na Ucrânia, o que tensiona ainda mais as relações entre Ocidente e Rússia, que agora divide oficialmente uma fronteira de mais de 1.300 quilômetros com um país membro da aliança militar do Ocidente.
Agora, a Finlândia fica automaticamente protegida por todos os membros da aliança, como os Estados Unidos. Se o território finlandês for invadido, tropas da Otan automaticamente são convocadas para intervir e para defendê-lo.
Resposta da Rússia
Como resposta, Moscou (capital da Rússia), que justificou a invasão da Ucrânia pelo fato de Kiev (capital ucraniana) estar em conversações para ingressar na Otan à época, prometeu retaliações.
Em declaração também nesta terça-feira, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que Moscou “será forçada a tomar medidas para assegurar a segurança da Rússia”.
Peskov chamou a decisão do país vizinho de uma “ameaça hostil” à segurança do território russo.
No ano passado, Dmitri Medvedev, ex-presidente russo e atual vice-chefe do serviço de segurança do país, havia prometido “consequências indesejáveis” caso a Finlândia fosse até o fim no processo de adesão à Otan.
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