Cortando o hiato que a atualização Segregated Witness (SegWit) deixou a partir de 2017, o mês de novembro deste ano traz à tona uma das mais importantes alterações da história da rede Bitcoin: o Taproot.
Proposto pela primeira vez em 2018 por Gregory Maxwell, desenvolvedor Bitcoin Core, em um documento online, o Taproot consiste no aprimoramento de aspectos como a privacidade, usabilidade e eficiência dos dados utilizados dentro do blockchain.
Apesar de alterar algumas características de transações realizadas com bitcoin, a atualização não muda nenhum dos fundamentos chave da tecnologia blockchain, como descentralização e confiabilidade.
O que é o Taproot?
Em seu significado original, Taproot consiste na parte mais profunda e forte de um vegetal, que se desenvolve de um jeito em que as ramificações se expandem em diferentes direções, tornando muito difícil sua remoção.
Movendo este contexto para a rede bitcoin, o Taproot traz consigo o fortalecimento do sistema através de aspectos como escalabilidade e segurança. Sua tecnologia possui o objetivo de melhorar a privacidade dos usuários e criar a capacidade de contratos inteligentes e complexos serem feitos.
Como é compatível com versões anteriores, a atualização é considerada como um softfork, ou seja, que permite a inclusão de novos tipos de transação, recursos de segurança e outras alterações que visam benefícios e evoluções para o ecossistema.
Diferentemente de um hardfork, que exige o consenso de 100% da rede para a sua implementação, o Taproot foi instituído com a aceitação de 90% dos mineradores. Na madrugada do dia 14 de novembro, sua ativação final foi feita a partir da extração do bloco 709.632, executado pela piscina F2pool nos BIPs (Bitcoin Improvement Proposals) 340, 341 e 342.
Quais as mudanças trazidas pelo Taproot?
No quesito privacidade, o Taproot faz com que menos dados sejam inseridos em cada bloco e transação, deixando menor o risco de vazamento de informação sensíveis. Portanto, apenas a partir da condição do acionamento final da transação os nomes dos envolvidos ficariam expostos para toda a rede blockchain.
Esse aspecto se torna possível porque o Taproot combina tecnologias das empresas Schnorr e MAST (Merkelized Abstract Syntax Tree), as quais permitem que várias assinaturas digitais sejam condensadas em smart contracts (contratos automatizados que podem ser acionados sem a necessidade de intermediários) e, posteriormente, unificadas, ocupando menos espaço de armazenamento dentro dos blocos (apenas 65 bytes) e, consequentemente, menos custos para a transação.
Então, com as chamadas assinaturas Schnorr, operações multisig – que consistem em endereços bitcoin com saldos pertencentes a diversas pessoas ou dispositivos – se tornam indistinguíveis de transações simples, oferecendo mais opções de escolha ao usuário. E, como apenas o pagamento será exposto, se tornará ainda mais difícil rastrear usuários da rede Bitcoin.
Além de tudo isso, a atualização Taproot resulta em maior atratividade do sistema Bitcoin, já que através das assinaturas Schnorr e pagamentos do tipo Pay-to-Taproot (P2TR) – que oferecem a possibilidade de usuários poderem realizar transações de forma mais rápida -, o ativo se mostrará muito mais líquido.
Com as carteiras atualizadas com a criação do chamado segwit v1, endereços Taproot começarão com b1cp.