Principalmente a partir do último mês, as tensões entre Rússia e Ucrânia se acirraram, com aumento de tropas militares posicionadas nas fronteiras e posicionamentos de outros países ao redor do mundo.
Desde o final de 2021, imagens de satélite apontam a movimentação de diversos tipos de armamento por parte do governo russo, além da ativação de áreas de treinamento militar a cerca de 300 km da fronteira com a Ucrânia.
Estima-se que aproximadamente 100 mil soldados russos estejam atualmente postos na divisa com os territórios ucranianos. Apesar de tentativas de negociações diplomáticas terem sido feitas, o contexto não se reverteu.
A partir do dia 23 de janeiro deste ano, parte da embaixada dos EUA em Kiev, capital da Ucrânia, foi esvaziada. Além disso, alegando existir uma ameaça “iminente” de Moscou a Kiev, mais de 8 mil soldados norte-americanos foram enviados para o leste europeu.
Como justificativa da movimentação militar, o primeiro-ministro russo Vladimir Putin acusa a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) de estar organizando uma ofensiva na Ucrânia.
Por conta dessa suspeita, a maior exigência do Kremlin, principal complexo político e governamental da Rússia, é de que os países ocidentais garantam que a Ucrânia não se juntará a Otan – o que foi rejeitado oficialmente pela aliança no dia 26 de janeiro.
Apesar de serem recentes os acontecimentos de maior tensão entre os dois países, essa disputa simultânea por independência e poder vem de anos antes. Entenda por quê:
Rússia e Ucrânia: Quais são os antecedentes do atual conflito?
A Ucrânia é uma democracia relativamente jovem. Foi apenas em 1994 que sua independência foi institucionaliza a partir de um acordo com o governo russo. Antes disso, fez parte do antigo Império Russo e, a partir de 1919, se tornou uma república da União Soviética, que se desfez em 1991.
A Ucrânia está localizada em uma região que, ao mesmo tempo, flerta com as potências ocidentais ao oeste e possui influências por parte da tradição russa ao leste.
O que vimos hoje é o contexto da Guerra Fria se refazendo em certa medida: no qual a Ucrânia se posiciona como uma região que possui, simultaneamente, laços com as democracias liberais da Europa e com o poder Russo.
Desde o início do século 21, Kiev possui relações abaladas com Moscou. Com protestos apontando irregularidades na eleição presidencial vencida por Viktor Yanukovich, que era mais favorável ao Kremlin, em 2004 a votação foi anulada.
Após isso, a partir da chamada “Revolução Laranja”, o candidato da oposição Viktor Yushchenko chegou ao poder em dezembro daquele mesmo ano. Com sua eleição, as relações com Moscou se deterioraram ainda mais, trazendo à tona mais disputas sobre suprimento de gás e taxas sobre uso de gasodutos.
Em 2010, o derrubado Viktor Yanukovich retorna à presidência por fragilidades internas do grupo que se formou a partir da Revolução Laranja.
Seu governo terminou no ano de 2013, depois de rejeitar um acordo de associação do país com a União Europeia e tentar iniciar uma aproximação com a Rússia. A reação da população foi negativa, levando a grandes protestos e choques com as forças de segurança.
O ano seguinte marca a mais recente e maior crise entre os dois países. Com a anexação da península da Crimeia, localizada ao sul da Ucrânia, por parte da Rússia, o território contou com conflitos que deixaram mais de 14 mil mortos.
Diferentemente da crise da Crimeia, o atual conflito entre os dois países é classificado como uma “guerra híbrida”, ou seja, aquela que implementa outras estratégias de enfrentamento, sem ser necessariamente um combate militar direto.
De acordo com as autoridades ucranianas, o Kremlin está por trás de um ataque cibernético que impactou diversos sites oficiais do governo. Em um comunicado oficial, afirmaram que o objetivo “não era apenas intimidar a sociedade”, mas também “desestabilizar a situação” com “informações falsas sobre a vulnerabilidade da infraestrutura de TI estatal”.
Mais recentemente, ainda mais receosos a respeito de um possível ataque militar vindo da Rússia, serviços ucranianos registraram inúmeras ameaças de bombas falsas, fazendo com que escolas sejam fechadas temporariamente.
O governo russo afirma que não possui nenhum plano de agressão contra a Ucrânia. Seu principal objetivo seria barrar a expansão da zona de influência da Otan sobre o leste europeu.
As possíveis consequências da crise para o mundo
Além dos riscos eminentes à crise, como a invasão de tropas russas ou apoio do Kremlin sobre grupos separatistas da região leste da Ucrânia, a preocupação das autoridades governamentais recai também sobre a reação dos mercados.
No caso da China – a maior parceira comercial da Rússia há anos – o apoio declarado a Moscou e uma possível aproximação maior, caso as tensões no leste europeu se agravem, implicariam em consequências para a União Europeia, que também depende comercialmente dos chineses em certos setores da economia.
Para os norte-americanos, a reação principal está sendo na forma de prevenção militar, com envio de tropas à região e, como exemplo que ocorreu em 2021, entrega de milhões de dólares em assistência à segurança da Ucrânia.
Segundo o presidente Joe Biden, há “total unanimidade” entre os líderes europeus em relação à Ucrânia, mas há diferenças no apoio que diferentes países ofereceram.
A ajuda prestada pelo Reino Unido foi em mísseis anti ataque de curto alcance, já países como Dinamarca, Espanha, França e Holanda estão enviando caças e navios de guerra.
As consequências para o Brasil girariam em torno do comércio internacional, já que a Rússia é um importante parceiro comercial para o país. O Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços apontou que, só em 2020, foram negociados R$14,3 bilhões em produtos russos, com R$285,6 gastos apenas no importante de óleos combustíveis.
Com o agravamento da crise, haveria a possibilidade do aumento do preço do petróleo, caso a Rússia diminuísse seu fornecimento. A partir da elevação do preço do petróleo, naturalmente a gasolina aqui no Brasil também aumentaria, passando a afetar todos os setores.
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