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Relação de risco/retorno do Brasil é ruim, diz gestor; veja 3 pontos que preocupam

A situação do Brasil inspira atenção nos grandes investidores institucionais, muitas vezes  preferem manter uma exposição baixa – ou zerada – em ativos locais, especialmente nos juros.

Durante o evento Itaú Asset Day, o gestor Bruno Bak, que lidera a equipe dos fundos Artax, listou três pontos que fazem com que o Brasil tenha riscos maiores do que outros países da América Latina, como o Chile, por exemplo.

“Começamos a ficar mais preocupados com os riscos que vemos no Brasil. Tem a questão fiscal, mas também há outras incertezas”, afirmou Bak.

O primeiro ponto que merece atenção, segundo o gestor, é expectativa de inflação, que continua longe da meta do Banco Central. “No Chile, as expectativas para a inflação em 24 meses já colaram na meta. Isso, em um modelo do Banco Central é fundamental. No Brasil as expectativas ainda estão longe da meta”, afirma.

Bak aponta que a situação atual, em que a inflação corrente recua, mas as projeções continuam subindo, é pouco usual no Brasil. “Quando  olhamos historicamente, sempre que a inflação cai, as expectativas de inflação tendem a recuar junto. É o que acontece normalmente, é algo intuitivo. Este é o primeiro ciclo que vemos que as expectativas de inflação para 2024 até subiram bastante e para os prazos mais longos caíram pouco ou nada”, afirma.

O segundo ponto diz respeito à situação fiscal do país. Em um cenário de inflação elevada, desemprego em um nível baixo para os padrões do Brasil e juros altos, Bak afirma que o ideal seria segurar os gastos públicos e cortar os juros.  

“A Selic em 13,75% ao ano está muito acima do juro neutro, então tem espaço para cortar. E não tem porque aumentar gastos. Mas o governo foi num caminho contrário. Os gastos reais este ano no Brasil vão crescer acima de 8%. Isso de certa forma limita o poder da política monetária. Se não fosse isso, achamos que o PIB (Produto Interno Bruto) já estaria bem mais fraco e o BC já poderia estar cortando os juros agora”, aponta o gestor.

Um terceiro fator que preocupa é o que o governo poderá fazer para tentar reaquecer a economia.  “Digamos que o BC demore mais para reduzir os juros, mas depois corte com mais intensidade. Temos medo de que se o Brasil adotar essa estratégia – que achamos correta, o governo possa ficar ‘desesperado’ para reaquecer a economia e começar, por exemplo, a incentivar o BNDES a voltar a aumentar crédito. Por isso vemos mais riscos no Brasil do que em outros países”, afirma Bak.

Arcabouço fiscal

Sobre o novo projeto do arcabouço fiscal apresentado pelo governo, a equipe dos fundos Artax aponta que regra apresentada  de crescimento das despesas é “menos dura” do que a anterior, em que os gastos deveriam crescer 0%. No novo projeto, o governo propôs um crescimento das despesas entre 0,6% e 2,5% acima da inflação, a depender do crescimento das receitas do ano anterior

“Em condições de normalidade, a nova regra implicaria um crescimento das despesas menor que o das receitas, o que conceitualmente é positivo. Contudo, tomando em conta nossas projeções de PIB, receita e outras variáveis relevantes, a regra não parece capaz de estabilizar a dívida/PIB nos próximos vários anos”, dizem os gestores, na carta que foi enviada aos cotistas do fundo.

Segundo eles, essa nova regra “parece implicar uma melhora bastante lenta do resultado primário”. Para que o déficit realmente seja equalizado, seria necessário um aumento de impostos – algo que também vem sofrendo críticas de parte da população.

Entre em contato com a redação Money Crunch: [email protected]

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