De acordo com dados da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), durante o mês de maio, a tarifa média de voos domésticos registrou uma alta de 48,5% ante igual mês de 2021. Em um ano, passou de R$459,79 para R$682,60.
O preço mais recente também é o maior em termos reais – com o ajuste pela inflação – desde dezembro de 2012 (R$ 686,76).
Na visão de analistas e representantes do setor de turismo, a inflação do segmento testa neste momento a capacidade de planejamento do brasileiro para as viagens.
A organização e a procura por passagens com alguma antecedência ainda são as opções mais indicadas para tentar encontrar bilhetes que pesem menos no bolso.
“A passagem mais cara, sem dúvida, impacta as viagens, apesar de o setor de turismo ter apresentado um crescimento muito rápido [após a derrubada de restrições na pandemia]. Quando o cliente liga e vê os preços das passagens no curto prazo, para o mês seguinte, por exemplo, às vezes fica impossível. Há ocasiões em que ele muda o destino, escolhe um mais próximo. Mas temos insistido para que a viagem seja programada com antecedência”,
diz Roberto Nedelciu, presidente da Braztoa (Associação Brasileira das Operadoras de Turismo).
Nedelciu recomenda que os prazos de planejamento sugeridos são de no mínimo 40 a 60 dias para deslocamentos nacionais e de seis meses para idas ao exterior.
“O principal ponto para economizar é o tempo. Quanto maior a antecedência, mais oportunidades a pessoa tem para monitorar os preços das passagens e fazer a compra”
afirma Adriano Severo, analista de investimentos e educador financeiro da Severo Capital.
Além disso, uma boa opção pode ser comparar os valores em sites que negociam bilhetes e nos endereços das próprias companhias aéreas.
Preços de viagens pressionados por aumento da demanda e alta dos combustíveis
Entre os fatores que contribuíram para a elevação das tarifas, é possível destacar a pressão no custo do querosene de aviação, o QAV.
Na reta final de dezembro, o preço do litro era de R$ 3,71, conforme dados reunidos pela Anac. Em meados de junho, subiu para R$ 5,63, uma alta de 51,8%. A taxa de câmbio acima de R$ 5 contribui para o avanço do combustível.
“É importante enfatizar que o preço de uma passagem aérea tem relação direta com os custos das companhias, que por sua vez são impactados por fatores externos, como a cotação do dólar em relação ao real, que indexa mais da metade dos custos do setor, pressionando itens como o combustível dos aviões, manutenção e arrendamento de aeronaves”
afirma a Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas)
Juntamente está a a retomada das atividades turísticas após o tombo na pandemia. Em maio, o número de passageiros pagos em voos domésticos foi de 6,4 milhões, aumento de 75,7% ante igual mês de 2021 (3,6 milhões), sinalizam dados da Anac.
Porém, o patamar ainda ficou 10% abaixo de maio de 2019 (7,1 milhões), antes da crise sanitária.
A demanda por voos internacionais também mostra aquecimento. Em maio deste ano, o número de passageiros pagos foi de 1,2 milhão, 519,6% maior do que no quinto mês de 2021 (195,5 mil). Porém, ainda está 36,5% abaixo de maio de 2019 (1,9 milhão).
Em 12 meses até junho, as passagens aéreas de voos domésticos acumularam inflação de 122,4%, de acordo com o IBGE. A alta foi a maior entre os 377 subitens que compõem o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).
Na fase inicial da pandemia de Covid-19, com a demanda em baixa, as passagens chegaram a registrar queda de preços. A deflação (baixa) até janeiro de 2021 foi de 28,86%, por exemplo.
Em maio, o índice de atividades turísticas calculado pelo IBGE voltou a subir e ficou apenas 0,1% abaixo do patamar pré-pandemia (fevereiro de 2020) no país. O indicadorreflete o desempenho de 22 serviços associados ao turismo.