Desde o seu surgimento em 2009 até a data de publicação deste texto, o Bitcoin (BTC) é o ativo que mais se valorizou. Foram mais de 2.000.000.000% (2 bilhões por cento) de valorização, considerando a máxima histórica de cerca de US$ 69.000 que a criptomoeda atingiu em novembro de 2021.
Por conta dessa valorização expressiva, muitos investidores que compraram BTC quando ele valia poucos centavos hoje possuem verdadeiras fortunas. Muitos deles estão com seu portfólio 100% em BTC, estratégia que até pequenos investidores começaram a seguir.
Mas o que deveria ser apenas mais uma estratégia virou um lamentável debate sobre “purismo” dos investimentos. Nesse sentido, os mais extremistas podem se dividir em dois grupos:
- os maximalistas “tóxicos”, que enxergam o BTC como único ativo no qual vale a pena investir. Para eles, comprar ativos como ações, imóveis e outros é uma perda expressa de dinheiro;
- os “nocoiners”, pessoas que não têm nenhum centavo em BTC. A grande maioria deles considera a criptomoeda uma bolha ou algo inútil e sem valor. O bilionário Warren Buffett é o maior exemplo desse grupo.
No entanto, a maioria dos investidores não está nem no 8 nem no 80 e quer apenas entender o BTC e como ele pode ser útil num portfólio. Felizmente, existe uma famosa estratégia que permite saber qual a melhor alocação: o Portfólio Nakamoto, criado há cinco anos e atualmente administrado pela Swan Bitcoin.
O que é o Portfólio Nakamoto?
Esse portfólio se baseia na Nakamoto Portfolio Theory, uma teoria de investimento moderna proposta por Balaji S. Srinivasan e Naval Ravikant em 2018. Tanto a teoria quanto o portfólio receberam esse nome em homenagem ao criador do Bitcoin, Satoshi Nakamoto.
A teoria é baseada na premissa de que o surgimento do BTC e outras criptomoedas criou uma nova classe de ativos que não está correlacionada com as classes de ativos tradicionais, como ações e títulos.
De acordo com a teoria, os investidores podem se beneficiar disso criando um portfólio que inclua criptomoedas junto com ativos tradicionais. Ou seja, o Portfólio Nakamoto não descarta outros ativos, mas coloca o BTC como parte de um portfólio mais amplo.
A Teoria do Portfólio de Nakamoto sugere um investimento de peso igual em cinco ativos diferentes. Originalmente, os ativos são o BTC, Ethereum (ETH), Filecoin (FIL), Polkadot (DOT) e Bitcoin Cash. No entanto, o portfólio também pode incluir uma alocação em criptomoedas 100% de BTC – de fato, esta é a versão mais adotada da ferramenta.
A teoria também sugere que os investidores devem manter esses ativos no longo prazo e não ser guiados pelas flutuações do mercado de curto prazo. O raciocínio por trás disso é que a tecnologia subjacente da maioria das criptomoedas tem o potencial de transformar vários setores e levar à criação de valor a longo prazo.
No geral, a Teoria do Portfólio de Nakamoto é uma teoria de investimento moderna que sugere que os investidores podem se beneficiar da diversificação ao incluir criptomoedas em seus portfólios. No entanto, é importante fazer uma pesquisa completa e a devida diligência antes de investir em qualquer ativo.
Modelo e alocações
De acordo com a Swan Bitcoin, o Portfólio Nakamoto possui uma série de variações que se dividem em tipo de portfólio e percentual de alocação. Cada percentual de alocação de BTC provém um retorno extra diferente de acordo com o portfólio no qual existe essa alocação.
Por exemplo, imagine o famoso portfólio 60/40, que consiste numa alocação de 60% em renda variável e 40% em renda fixa. Neste portfólio, sem nenhuma alocação de BTC, o retorno histórico entre setembro de 2017 até o último dia 12 de junho de 2023 foi de 187%, uma média anual de 7,45%.
Por outro lado, se o investidor tivesse alocado um percentual de apenas 5% em BTC junto a esse portfólio, o retorno total seria de 291%, ou um retorno anual de 13,01%. É uma diferença de quase 104 e 5,6 pontos percentuais, respectivamente, o que mostra a força do desempenho da criptomoeda no portfólio.
“Ah, mas eu sou anti-estado e quero ter muito BTC! 5% é pouco demais!” Sem problemas, podemos pegar o mesmo portfólio 60/40, mas aumentar a alocação de BTC em cinco vezes, para 25% do total. Neste cenário, o rendimento do portfólio desde 2017 salta para 1.089%, com um retorno anualizado de 23,96% – 902 e 24 pontos percentuais acima do retorno tradicional.
O grande mérito do Portfólio Nakamoto não é determinar qual alocação em BTC é a melhor, já que isso é uma decisão pessoal. Mas seu mérito é mostrar que até o momento, até uma simples alocação de BTC é suficiente para melhorar a performance de um conjunto de ativos em mais de 10 vezes.
Conclusão
Eu sempre costumo dizer que não existe alocação certa em BTC, mas a única alocação “errada” é estar zerado. E o Portfólio Nakamoto mostra que ter pelo menos uma fração da criptomoeda já aumenta os retornos do portfólio.
No entanto, o portfólio também incrementa a volatilidade ao incluir BTC, o que pode aumentar o risco da carteira. Apesar desse texto não recomendar investimentos, a recomendação aqui é que você sempre fique de olho e não invista mais do que pode perder em um ativo.
Mas se você deseja investir em BTC e tem dúvidas sobre qual alocação seguir, o Portfólio Nakamoto é um excelente ponto de partida em vários cenários. Use-o como um guia para não perder dinheiro nem correr o risco da ruína em seus investimentos.