Durante a manhã desta quinta-feira (3), Francisley Valdevino da Silva, conhecido como “Sheik dos Bitcoins”, foi preso pela Polícia Federal após ser encontrado em Curitiba.
Francisley é investigado por operar empresas consideradas ‘pirâmides financeiras’, como a Rental Coins, que prometia lucros fixos de até 13,5% ao mês.
Em outubro, a 23ª Vara Federal de Curitiba o proibiu de continuar operando suas empresas. Porém, investigações constataram que o “Sheik” continuou se reunindo com seus funcionários, levando à decretação de sua prisão preventiva.
Sobre a investigação: “Operação Poyais”
A “Operação Poyais” foi deflagrada pela Polícia Federal no início do mês passado. A PF cumpriu mandados nos estados do Paraná, Santa Catarina, Rio de Janeiro e São Paulo.
A investigação tinha o objetivo de apurar a prática de crimes de estelionato, lavagem de capitais e da organização criminosa articulada por Sheik.
Contudo, Francisley é investigado desde 2016 orça Tarefa de El Dorado, da agência de investigação de Nova Iorque, por conta de empresas que opera no exterior.
Durante a operação, para evitar que Francisley atrapalhasse nas investigações, a 23ª Vara Federal de Curitiba emitiu medidas cautelares.
Entre elas, uma proibia o dono da Rental Coins de continuar administrando não apenas essa, mas também outras empresas das quais é dono, dentre elas InterAg, Intergalaxy e Wolkeb Club.
Segundo o advogado José Domingues da Fonseca, a prisão preventiva não tem prazo definido e pode ser decretada em qualquer fase do processo ou inquérito.
“Os requisitos para a sua decretação estão no artigo 312 do Código de Processo Penal: garantir a ordem pública e a ordem econômica (evitando a prática do crime); por conveniência da instrução criminal ou para garantir a aplicação da legislação penal (evitar fuga ou destruição de provas); desde que haja indícios de prova de existência do crime e autoria do delito; e quando houver perigo gerado pela condição de liberdade do acusado.”, explicou o advogado.
As investigações da PF mostraram que os crimes de Francisley possivelmente não se limitam apenas à coordenação de empresas suspeitas de serem pirâmides financeiras. “Sheik” e seus funcionários criavam sistemas virtuais para que pessoas pudessem organizar esquemas semelhantes à Rental Coins.
A apuração feita pelo portal UOL menciona a a Operação Bad Bots – também organizada pela Polícia Federal – na qual foram presos dois suspeitos pela suposta prática de “crimes contra o sistema financeiro”.
Os supostos crimes foram praticados usando plataformas de criptomoedas criadas por Francisley.
O caso do “Sheik dos Bitcoins” começou a ganhar destaque na mídia após a paralisação dos saques na Rental Coins, que começou em março deste ano. Em junho, foi revelado que Sasha Meneghel e seu marido, João Figueiredo, perderam R$ 1,2 milhão ao investirem na Rental Coins.
Depois da paralisação, clientes insatisfeitos começaram a processar Francisley e sua empresa, fazendo com que o caso ganhasse ainda mais repercussão.
A PF estima que, apenas por meio da Rental Coin, Francisley prejudicou cerca de 15 mil pessoas, totalizando um prejuízo de R$ 4 bilhões.
Em suas redes sociais, o “Sheik” ostentava na sede de sua empresa, em Curitiba, duas caixas-fortes contendo barras de um quilo e esferas de 10 gramas, ambas de ouro.
O delegado da Polícia Federal, Filipe Hille Pace, disse que as barras eram, na verdade, de latão.
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