Não é difícil encontrar pessoas com pouca experiência no mercado, mas que já se autoproclamam como grandes investidores. Ancoradas em uma estratégia de marketing agressiva, muitas delas se propõe a ensinar o segredo para a riqueza e prosperidade e saem por aí vendendo “fórmulas mágicas”.
Muitos desses “gurus” inclusive utilizam o termo skin in the game (pele em risco) para tentar chancelar a sua atuação no mercado financeiro. Eles argumentam que investem o próprio dinheiro, portanto, tudo que estão recomendando para os seus seguidores é aquilo que eles próprios fazem.
Mas cuidado. O conceito de skin in the game tem uma premissa para este tipo de caso: sempre que existe potencial de dano coletivo – ou seja, muitas pessoas perderem dinheiro – além da pele em risco, é necessário considerar quais foram os resultados durante um grande período de tempo.
“O skin in the Game pode ser uma ferramenta extremamente útil para filtrar as informações a que nos expomos, desde que sejamos capazes de analisar aqueles que se provaram no tempo colocando a própria pele em risco”, afirma Richard Rytenband, economista e CEO da Convex Research.
Em resumo, sempre que houver possibilidade de prejudicar muitas pessoas, o skin in the game não basta. É necessário também mostrar resultados consistentes ao longo do tempo. Um trecho do livro Pele em Jogo (Skin in The Game), de Nassim N. Taleb, pontua: “Há coisas que surgem na natureza sem qualquer explicação, mas aquilo que permanece é porque tem uma razão importante para isso”, escreve o autor.
O que grandes investidores que se provaram no tempo têm em comum?
Richard Rytenband destaca que investidores lendários que se provaram no tempo, como Warren Buffett, Jim Simons e Ray Dalio, têm algumas características em comum.
Além de estarem sempre com a própria pele em risco, eles são mestres na arte da sobrevivência e souberam investir priorizando a preservação de capital. “Eles sabem que a ordem do trajeto importa e são humildes perante a incerteza”, diz o economista.
Isso nos leva ao a mais um ponto, que é a convexidade das exposições de todos eles. Afinal, seus investimentos são feitos de forma com que percam pouco se estiverem errados e ganhem muito sempre que estiverem certos.
Aliás, se você acha que esses grandes mestres se abalam com os possíveis erros que venham a cometer, está enganado. Eles têm uma estratégia bem definida, com a possibilidade de falha sempre calculada.
“Além de se libertarem da crença que é preciso comprar na mínima e vender na máxima, eles sabem que quando se expõem de forma convexa, a frequência de acertos não é o mais importante”, diz Rytenband.
Por saberem que os mercados nem sempre são eficientes, eles também aproveitam como poucos os momentos de desequilíbrios, distorções e as anomalias de preços.
“Todos estes são princípios de investimentos que eu aplico e que creio serem essenciais para quem deseja se manter investidor até o último dia de vida. Uma mensagem aos jovens investidores: incorpore essas características no seu dia a dia. Não relute em aplicar. Coloque em prática”, conclui o CEO da Convex Research.