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Ministro fala em mudança de política de preços da Petrobras; relembre momentos em que a empresa teve grande defasagem

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou na última quarta-feira (5)  que haverá mudança na política de preços dos combustíveis praticada pela Petrobras, classificando as atuais diretrizes, que levam em conta a paridade internacional, de “verdadeiro absurdo”.

Silveira disse que a Petrobras vai voltar a ter função de amortecimento para diminuir o impacto de crises internacionais no preço dos combustíveis nas refinarias brasileiras. 

“Nós vamos exigir da Petrobras, como controladores da Petrobras, que ela respeite o povo brasileiro. Que ela cumpra, que está nas Lei das Estatais, na Constituição Federal, com a sua função estatal, que é criar um colchão de amortecimento nessas crises internacionais de preço dos combustíveis”, disse.

Como era de se esperar, a fala foi muito mal recebida no mercado e as ações da estatal caíram mais de 4% logo após as declarações.

Pouco depois, a Petrobras emitiu comunicado reiterando o “compromisso com a prática de preços competitivos e em equilíbrio com o mercado nacional”, diminuindo a pressão vendedora das ações.

“Precisamos ficar muito atentos e levar em consideração que essa política de preços que está em vigor visa impedir que o preço do combustível no Brasil fique defasado em relação ao resto do mundo. A gente fica isolado se não estiver acompanhando a paridade internacional. Assim que recebeu essa notícia, o mercado financeiro não reagiu bem e muita gente já vendeu ação por medo ou preocupação do governo estar interferindo na Petrobras”, afirma o especialista em investimentos, Renan Diego, Sócio Diretor e Head Trainer do FAD Treinamento e Consultoria.

Mesmo sem essa possível intervenção do governo, os preços da gasolina da Petrobras estão com defasagem, de acordo com dados do dia 31 de março levantados pelo economista Richard Rytenband, CEO da Convex Research.

“Preço da Petrobras está em R$ 3,21 vs R$ 3,50 do Preço Internacional”, pontua.

2014 e 2015 houve controle de preços da Petrobras

Durante o governo de Dilma Rousseff, a variação dos preços internacionais dos combustíveis era repassada de forma defasada aos valores praticados no país. Isso era um mecanismo usado para tentar segurar o aumento da inflação.

O controle e atraso do repasse dos preços internacionais aos combustíveis no mercado interno permitia ao governo, na prática, influenciar os índices de inflação por meio da gasolina e do diesel – praticamente obrigando a Petrobras a vender os produtos a preços abaixo do mercado, o que teria causado grandes prejuízos à empresa.

O governo conseguia evitar que a elevação do preço dos combustíveis se disseminasse pela economia afetando os outros produtos que dependem diretamente de transporte rodoviário e de insumos derivados do petróleo, capitalizando o impacto na inflação geral.

Em 2014, as perdas acumuladas da empresa atingiram o patamar de US$56,5 bilhões, o que equivalia a mais da metade da dívida líquida da Petrobras.

2022 houve grande defasagem

Em outubro do ano passado, dias antes do segundo turno das eleições, o preço médio da gasolina nas refinarias brasileiras atingiu a maior defasagem em relação às cotações internacionais desde junho daquele mesmo ano.

Mesmo assim, a direção da estatal defendeu que os preços estavam alinhados e não havia necessidade de reajustes.

Conforme dados da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), o preço da gasolina no país estava 16%, ou R$ 0,63, abaixo das cotações internacionais na abertura do mercado no dia 26 de outubro. Este foi o maior valor desde o dia 15 de junho.

Já segundo o Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), a defasagem chegou a 17,3%, ou R$ 0,69 por litro, no fechamento do pregão do dia 25 de outubro. O CBIE apontou que o aumento da defasagem refletia maior demanda por gasolina nos Estados Unidos, que provocou um salto de 6% na cotação do combustível.

O período de defasagens – que foi de quase um mês, na avaliação da Abicom, e seis semanas, para o CBIE – era um sinal para o mercado de que a direção da Petrobras cedeu a pressões do governo para conter os preços até a votação do segundo turno das eleições, no dia 30 de outubro.

Entre em contato com a redação Money Crunch: [email protected]

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