A inflação deu as caras em todo o mundo e vem causando uma série de problemas para a população. Além de penalizar as pessoas, que perdem seu poder de compra e conseguem levar para casa cada vez menos produtos pela mesma quantidade de dinheiro, a alocação de recursos também fica mais complexa neste cenário.
“Vivemos um ambiente onde traçar cenários econômicos e escolher as melhores aplicações para o dinheiro está mais difícil – muito mais complicado do que já foi nos últimos 20 anos”, afirma Diego Beleza, gestor de ativos globais da Itaú Asset.
Durante live para explicar o cenário macro, Beleza destacou que o momento atual se diferencia das últimas décadas.
“Estamos com índices de preços muito altos em praticamente todos os países do mundo. Não vemos a inflação persistentemente alta em países desenvolvidos desde a década de 1990. Esse ambiente traz uma incerteza muito grande”, afirma.
Na semana passada, os Estados Unidos anunciaram que a inflação medida pelo índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos acelerou para 9,1% em junho na base anual, a maior desde novembro de 1981. No mês anterior, a taxa anual do CPI havia ficado em 8,6%.
Na comparação com o mês de maio, houve alta de 1,3% na inflação norte-americana. De acordo com o Departamento de Trabalho, o custo da energia subiu 41,6%, o maior desde abril de 1980.
Mas a pressão dos preços não se restringe ao território norte-americano. Na Europa, grandes economias vem enfrentando níveis recordes de inflação nos últimos meses.
Um exemplo é a Alemanha, que tem o maior PIB do continente e divulgou recentemente que o índice de preços ao consumidor subiu 7,6% na comparação anual em junho. Em maio, o CPI havia subido 7,9%, registrando a maior leitura desde dezembro de 1973.
Aqui na América do Sul, além do Brasil, outros países também lidam com um aumento generalizado de preços. Um dos maiores exemplos é a Argentina, que teve inflação de 5,3% em junho. Em 12 meses, alta acumulada é de 64%, mas, consultorias já projetam que o percentual pode chegar a 90% até o fim do ano.
Movimentos dos Bancos Centrais
O gestor pontua que nos últimos anos, sempre que os Bancos Centrais precisavam fazer um aperto monetário (aumento de juros), isso era feito calmamente e a autoridade monetária deixava bem claro quais seriam os próximos passos.
Agora, esse tipo de movimento vem acontecendo de forma mais tempestiva, provocando mais incertezas e dificuldades com relação a alocação de recursos.
“Quando a inflação não era problema, o Banco Central podia fazer tudo lentamente. Isso se refletia na construção de cenários por parte de economistas e gestores e ficava mais fácil projetar para onde iam as classes de ativos, afirma.