A inflação segue batendo recordes em todo o mundo, com números que não eram vistos desde os anos 1980.
Na Europa, a inflação ao consumidor (CPI, pela sigla em inglês) da zona do euro atingiu a máxima histórica de 5% em dezembro (base anual), de acordo com dados da agência de estatísticas da União Europeia (Eurostat) divulgados nesta quinta-feira (20). Esta é a maior taxa desde julho de 1991.
Considerando a inflação ao produtor, que captura os preços nas portas das fábricas, a situação no continente é parecida. O índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) da Alemanha avançou 24,2% em dezembro na comparação anual, segundo dados da agência de estatísticas do país. A taxa é a mais alta já registrada pela agência. Já na comparação com o mês anterior, o PPI subiu 5% em dezembro na Alemanha.
Apenas os custos de energia dispararam 69% na comparação anual de dezembro.
Nos Estados Unidos, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) aumentou 0,5% em dezembro após avançar 0,8% em novembro, segundo dados do Departamento do Trabalho. No acumulado do ano, o IPC subiu 7,0%, maior aumento anual desde junho de 1982.
Os preços nos EUA estão muito acima da meta do Federal Reserve, de 2% ao ano. Durante uma entrevista coletiva realizada no último dia 19, o presidente dos EUA, Joe Biden, admitiu que a alta generalizada dos preços é um dos problemas mais sérios que o país enfrenta atualmente. “Precisamos controlar a inflação”, afirmou.
Um levantamento divulgado pela diretora de operações da Convex Research, Thata Saeter, mostra como a inflação afetou o poder de compra dos norte-americanos nas últimas décadas.
Desde a década de 1950 o dólar perdeu 91,3% do seu poder de compra inicial. Isso significa que uma nota de US$ 100 em 1950 equivale atualmente a um poder de compra de US$ 8,7 (veja na imagem abaixo).
No Brasil a situação não é diferente. Após uma alta de 0,73% em dezembro, a inflação medida pelo IPCA (Índice Preços ao Consumidor Amplo) fechou o ano de 2021 com um aumento de 10,06%.
Essa é a maior taxa acumulada no ano desde 2015, quando foi de 10,67%, e extrapolou a meta de 3,75% definida pelo Conselho Monetário Nacional para 2021, cujo teto era de 5,25%.
Não caia em narrativas
Richard Rytenband, economista e CEO da Convex Research, destaca que a inflação de preços é um dos mecanismos mais nefastos de concentração de renda e sua persistência prejudica o cálculo econômico dos empreendedores para expansões e futuros projetos. “Ela tem portanto, um poder destrutivo no presente e no futuro”, diz.
Segundo ele, a inflação segue um ciclo de narrativas de três etapas, que confunde e distancia a sociedade das suas reais causas e consequências.
1. A inflação é transitória.
“Na primeira etapa, mesmo que a inflação se trate de uma ameaça real, é muito comum a narrativa de que aquilo é transitória e temporário, e portanto, não deve ser motivo para preocupações”, diz o economista.
2. A inflação é boa para economia
Com a continuidade do avanço inflacionário, o foco passa a ser difundir que aquilo é bom para a economia e apenas desagrada alguns grupos na sociedade.
Recentemente, vários artigos foram publicados no mundo, relatando que a inflação era algo bom e sinais de força da economia.
3. Os culpados pela inflação são os empresários
Rytenband destaca que a terceira e última etapa é a mais perigosa de todas. Quando a inflação atinge patamares muito elevados, os governantes passam a culpar os empresários pelos aumentos, citando até mesmo falta de sensibilidade.
“A real causa – um aumento da oferta monetária em proporção superior aos produtos e serviços da economia – é mascarada e os verdadeiros culpados (O Estado e o Banco Central) são poupados”, afirma Rytenband.
“Nesta etapa, além da perseguição a empresários, ocorrem tentativas desesperadas de frear os aumentos, como o congelamento de preços. Mas,o final é sempre o mesmo, mais escassez e novos aumentos de preços, até que se ataque a real causa”, conclui o CEO da Convex.
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