Na passagem do 4º trimestre de 2022 para o 1º trimestre de 2023, o Indicador de Clima Econômico (ICE) da América Latina avançou 6,9 pontos, ficando em 73,4, o maior nível desde o 4º trimestre de 2021.
O ICE tem se mantido na zona desfavorável do ciclo econômico desde o 3º trimestre de 2013, com algumas exceções – 4º trimestre de 2017, 1º trimestre de 2018 e 3º trimestre de 2021. Nesses trimestres o indicador não se afastou muito do nível neutro de 100 pontos.
Componentes do ICE
Ambos os indicadores que compõem o ICE subiram no trimestre.
O Indicador da Situação Atual (ISA) avançou 9,8 pontos e o Indicador de Expectativas (IE), 4,0 pontos. Nos dois casos, os indicadores permanecem na zona desfavorável: o ISA em 76,8 pontos, e o IE em 70,1 pontos.
Assim como no 4º trimestre de 2022, o resultado do ISA superou o do IE, mas a diferença se ampliou para 6,7 pontos, a mais alta desde o 2º trimestre de 2012, quando havia sido de 15 pontos.
Porém, ao contrário do que se observa hoje, naquela ocasião ambos os indicadores estavam na zona favorável do ciclo (em 116,4 e 101,4 pontos, respectivamente).
O ISA da América Latina em 2023 superou o dos três anos. Já o IE, que vinha em zona favorável em 2020 e 2021, hoje se encontra bem abaixo destes dois anos, e 18 pontos abaixo de 2022.
O ICE registrou piora em relação aos resultados de 2020 e 2021 e melhora em relação a 2022.
O FGV apontou que, nessa comparação, chama a atenção a deterioração das expectativas em relação aos primeiros trimestres dos anos anteriores e a melhora do Indicador da Situação Atual.
Mesmo em períodos agudos da pandemia, a expectativa era favorável, como no início de 2021, o IE registrou 143,6 pontos. Quanto à melhora na situação atual, o resultado reflete a retomada do crescimento econômico na região em relação ao período recessivo da pandemia.
afirma um trecho do estudo publicado hoje (8) pelo FGV IBRE.
Resultados por país
A alta do ICE foi registrada em seis dos 10 principais países pesquisados. O Brasil caminhou no sentido contrário, com uma queda adicional do ICE puxada pelo Indicador da Situação Atual.
O topo da lista é ocupado pelo Paraguai, que registrou aumento de 47,6 pontos no ICE entre o 4º trimestre de 2022 e o 1º trimestre de 2023. O avanço foi influenciado principalmente pelo aumento de 83,3 pontos no ISA e 3,6 pontos no IE.
Em 2022, o país sofreu uma forte seca e perdeu exportações para a Rússia em decorrência da Guerra na Ucrânia, o que ajuda a explicar a melhora nos indicadores.
Em seguida está o Peru, “que apesar das turbulências políticas com a saída do Presidente eleito, tem mostrado um grau de resiliência positiva em termos políticos”, apontou a FGV.
Outros países com melhoras do clima econômico foram o México, Equador, Argentina e Chile. Com exceção do Chile, que manteve o patamar do IE do 4º trimestre de 2022, todos os países que registraram avanço do ICE, também o fizeram em relação ao ISA e ao IE.
O Brasil ficou entre os países que registraram queda nos três indicadores no 1º trimestre de 2023.
O ICE recuou 11,0 pontos e foi para 73,5 pontos. O ISA caiu 21,7 pontos atingindo 70,6 pontos, enquanto o IE teve redução de menor magnitude: – 0,4 ponto para 76,5 pontos.
Diferente do resultado agregado para a América Latina, o nível do IE supera o do ISA em 5,9 pontos. O cenário para o Brasil descrito pela Sondagem é de uma estabilidade nas expectativas e de uma piora acentuada (acima de 20 pontos) na avaliação da situação atual.
disse a pesquisa
Ao lado do Brasil, estão Uruguai, Colômbia e Bolívia.
Expectativa de crescimento do PIB em 2023
O FGV IBRE indicou que especialistas esperam crescimento do PIB em 2023. Na sondagem, o avanço foi revisto para cima no Paraguai, México e Argentina.
Especialmente no Paraguai, onde a projeção do PIB passou de 3,9% para 4,6%, a maior taxa de crescimento na região. No México, a variação do PIB aumentou de 1,4% para 1,7% e na Argentina, de 1,1% para 1,2%.
Nos outros países, a nova previsão reduziu a taxa de crescimento, sendo a maior diferença para o Chile, que passou de uma queda esperada de 0,7% para 1,8%. Na sequência está a Colômbia, com revisão de 1,6% para 1,0%.
As diferenças percentuais para o restante dos países foram de apenas 0,1 ponto percentual (Bolívia), 0,2 ponto (Peru, Uruguai, Equador) e 0,3 ponto (Brasil). No Brasil a projeção passou de 1,4% para 1,1%.
As projeções mostram um desempenho pouco favorável, com a maior incidência de taxas de crescimento abaixo de 3%, o que preocupa para uma região em desenvolvimento e com limitações na infraestrutura física e nos indicadores de desenvolvimento social. No agregado da América Latina, dadas as pequenas variações nas projeções, a taxa de crescimento do PIB passou de 1,5% para 1,4%.
No conjunto dos países analisados, 61,3% responderam que revisaram as projeções e 62,6% que a revisão foi de redução no crescimento. No caso do Brasil, 50% dos entrevistados responderam que mudaram a previsão.
Entre os fatores que afetaram positivamente a revisão do PIB, no Brasil, o destaque foi para novas medidas de estímulo (57,1%), seguido de melhor ambiente político (28,6%) e com igual percentual (14,3%) estão os itens — diminuição de medidas relativas à mobilidade, melhoras das condições macroeconômicas internas e melhora das condições macroeconômicas externas.
Na Argentina, 50% destacaram a melhora do ambiente político e 50%, outras medidas, onde os informantes especificaram despesas públicas relacionadas às eleições.
Outro caso em que o percentual de outras é elevado é o da Colômbia (100%), que está relacionado ao aumento das exportações para a Venezuela, a partir da normalização das relações comerciais entre os países. No Paraguai, foram as condições climáticas.
Para a América Latina, o maior percentual se refere à melhoria do ambiente político (48,4%), seguido das condições macroeconômicas internacionais (37,5%). O resultado da melhora do ambiente político foi influenciado pelo México (100% dos especialistas assinalaram esse item para revisarem para cima a projeção do PIB do país) e o Peru (100%).
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