O início do governo Lula (PT) pode ser considerado ‘turbulento’ do ponto de vista da política econômica, na opinião de economistas do FGV –IBRE (Fundação Getulio Vargas). Em relatório publicado nesta quinta-feira (23), os economistas Armando Castelar Pinheiro e Silvia Matos afirmam que ainda há muitas dúvidas sobre a agenda de política econômica “mais ampla”.
“Do ponto de vista da política econômica, o início do governo tem sido muito turbulento, com propostas que parecem mais voltadas a desfazer as reformas recentes do que a melhorar o ambiente econômico, e com medidas na área fiscal que não promovem o pouso suave da economia que parecia ser o cenário central ao final de 2022”, destacam os economistas, na publicação Boletim Macro.
Ainda segundo eles, tudo isso vem gerando “muita incerteza e tem tornado o cenário prospectivo bem mais preocupante”.
Entre os pontos que geram desconfiança no mercado, eles destacam alguns:
- dúvida se haverá ou não expansão dos gastos parafiscais;
- interferência na política de preços de combustíveis
- reversão de privatizações
- revisão da reforma trabalhista
- metas de inflação mais elevadas; “entre tantas possibilidades levantadas pelo novo governo”.
“Ou seja, [existe a dúvida] se haverá uma volta ao passado, de políticas que foram adotadas e/ou intensificadas nos governos Dilma I e II”, apontam. “Sempre é importante mencionar que há muitos estudos que mostram os péssimos resultados de diversas políticas econômicas adotadas nesse período”, continuam.
Do ponto de vista macroeconômico, eles destacam que as incertezas fiscais contribuem para um aumento de incerteza na economia, como mostra o Indicador do FGV IBRE. Isso afeta a atividade no curto prazo. “Além disso, uma política fiscal expansionista eleva de forma permanente a taxa real de juros neutra da economia”, alertam.
Nesse sentido, os economistas da FGV afirmam que o desempenho da economia brasileira no atual mandato do governo Lula dependerá fundamentalmente das escolhas de política econômica que serão feitas neste início de governo.
“E o Poder Executivo é crucial na definição da agenda econômica, que precisa ter credibilidade e consistência. Sempre é bom lembrar de uma frase do filósofo Sêneca: ‘Se um homem não sabe a que porto se dirige, nenhum vento lhe será favorável’”, concluem.
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