O Banco Central declarou nesta quarta-feira (28) que o estoque total de crédito no Brasil subiu 1,6% em agosto sobre julho, a R$ 5,067 trilhões, correspondente a 54,3% do PIB (Produto Interno Bruto). Portanto, o crescimento se manteve mesmo diante do forte aperto monetário implementado pela autoridade monetária.
Além disso, o saldo total de crédito no país também havia registrado alta em julho contra junho, com uma elevação de 0,6%.
O ciclo de alta da taxa básica de juros do país foi interrompido apenas neste mês, com a Selic a 13,75% ao ano.
No recorte por tipo de tomador dos empréstimos, o saldo de crédito a pessoas físicas subiu 2,1% no mês passado e 20,7% em 12 meses. Para as pessoas jurídicas, o crescimento foi de 0,9% em junho e 11,5% em 12 meses.
O período registrou uma alta para 40,6% ao ano nos juros cobrados pelas instituições financeiras no crédito livre, em que as taxas são pactuadas livremente entre bancos e tomador). No mês, a elevação foi de 0,2 ponto percentual e, em 12 meses, salto de 10,9 pontos.
Cheque especial
Entre as principais linhas de crédito livre para a pessoa física, o destaque foi para o cheque especial, cuja taxa passou de 127,4% ao ano para 128,6% ao ano de julho para agosto. No crédito pessoal, a taxa total passou de 41,2% para 41,0% ao ano.
A opção de parcelamento para dívidas no cheque especial é oferecida pelos banco desde o ano de 2018. O recurso vale para débitos superiores a R$ 200. Em janeiro de 2020, o BC passou a aplicar uma limitação dos juros do cheque especial, em 8% ao mês (151,82% ao ano).
Nos recursos direcionados, que atendem a parâmetros estabelecidos pelo governo, houve recuo de 1,7 ponto no mês, a 10,2%, com elevação de 2,2 pontos em 12 meses.
Aquisição de veículos
Os dados também mostraram que, para aquisição de veículos, os juros foram de 27,6% ao ano em julho para 27,4% em agosto.
No crédito total, a taxa média de juros, que inclui operações livres e direcionadas (com recursos da poupança e do BNDES), foi de 29,4% ao ano em julho para 28,7% ao ano em agosto. No oitavo mês de 2021, estava em 21,1%.
Indicador de Custo de Crédito (ICC)
O Indicador de Custo de Crédito (ICC) subiu 0,2 ponto porcentual em agosto ante julho aos 21,0% ao ano.
O porcentual reflete o volume de juros pagos, em reais, por consumidores e empresas no mês, considerando todo o estoque de operações, dividido pelo próprio estoque. Na prática, o indicador reflete a taxa de juros média efetivamente paga pelo brasileiro nas operações de crédito contratadas no passado e ainda em andamento.
Spread
Já o spread bancário, diferença entre o custo de captação das instituições e o valor cobrado nos empréstimos ao público, subiu a 28,3 pontos percentuais no crédito livre, sobre 27,5 pontos no mês anterior e 21,5 pontos em agosto de 2021.
O spread médio da pessoa física no crédito livre passou de 40,2 para 41,4 pontos porcentuais entre os dois meses. Para pessoa jurídica, o spread médio passou de 10,9 para 10,7 pontos porcentuais.
O spread médio do crédito direcionado foi de 4,2 para 3,6 pontos porcentuais na passagem de julho para agosto. Já o spread médio no crédito total (livre e direcionado) foi de 18,5 para 18,6 pontos porcentuais do sétimo para o oitavo mês do ano.
Inadimplência
Em agosto, a inadimplência no segmento de recursos livres ficou em 3,9%, ante 3,8% em julho.
Para as pessoas físicas, a taxa de inadimplência passou de 5,5% para 5,6% de um mês para o outro. No caso das empresas, se manteve em 1,8% entre os dois meses.
A inadimplência do crédito direcionado (recursos da poupança e do BNDES) ficou em 1,2% na passagem de julho para agosto. Por fim, o dado que considera o crédito livre mais o direcionado mostra que a taxa de inadimplência continuou em 2,8% entre julho e agosto.
Na ata de última reunião do Comitê de Política Monetária, divulgada na semana passada, o BC avaliou que não houve mudança substancial nos canais de transmissão de política monetária e que o repasse da alta da Selic para taxas finais de crédito tem ocorrido conforme o esperado, ainda que as concessões para empresas sigam mais robustas que o previsto.
Endividamento das famílias
De acordo com o BC, o endividamento das famílias brasileiras com o sistema financeiro fechou julho em 53,1%, um novo recorde da série histórica. Em junho, era de 52,9%.
Se forem descontadas as dívidas imobiliárias, o endividamento ficou em 33,6% no sétimo mês, também recorde na série.
O Banco Central afirmou que o comprometimento de renda das famílias com o Sistema Financeiro Nacional (SFN) terminou julho em 28,6%, ante 28,2% em junho. Descontados os empréstimos imobiliários, o comprometimento da renda ficou em 26,6% no sétimo mês do ano, ante 26,0% em junho.
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