Conforme dados da Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), publicados hoje (7) pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), 77,3% das famílias brasileiras estavam endividadas no mês de junho, o que representa uma queda de 0,1 ponto percentual em relação a maio.
De acordo com a CNC, esta é a segunda queda seguida no endividamento, após a alta recorde registrada em abril, quando o indicador ficou em 77,7%. Na comparação anual, houve alta de 7,6 pontos percentuais.
Para o presidente da CNC, José Roberto Tadros, o recuo no endividamento reflete a melhora no mercado de trabalho.
“Com menos restrições impostas pela pandemia e as medidas temporárias de suporte à renda, como saques extraordinários do FGTS, antecipações do 13º salário, INSS e maior valor do Auxílio Brasil, a população precisou apelar menos para os gastos no cartão”.
As dívidas no cartão de crédito representam a maior fatia do endividamento, com 86,6% do total de famílias. Em seguida vem os carnês, com 18,3%, e o financiamento de carro, com 10,8%.
Em junho de 2021, essas proporções eram de 81,8%, 17,5% e 11,9%, respectivamente.
No caso da inadimplência, a pesquisa também mostra uma cenário de queda, com retração de 0,2 ponto percentual na proporção de famílias com contas em atraso (28,5%). Desde setembro do ano passado, esta é a primeira queda.
O mesmo foi verificado entre as famílias que afirmam não ter condições de pagar as contas atrasadas, com 10,6% do total.
A responsável pela pesquisa, Izis Ferreira, explica que a melhora no mercado de trabalho não se reflete no rendimento, pois estão sendo absorvidos trabalhadores com menor nível de escolaridade e o rendimento médio está achatado pela inflação elevada.
“Além disso, o avanço recente da informalidade no emprego é mais um fator que aumenta a volatilidade da renda do trabalho e atrapalha a gestão das finanças pessoais”.
Os dois recortes por faixas de renda apresentaram leve queda na proporção de endividados. Entre as famílias com rendimentos acima de dez salários mínimos, a redução foi de 0,2 ponto percentual (p.p), para 74,2%, enquanto a parcela com ganhos até dez salários mínimos caiu 0,1 p.p, para 78,2%.