Uma série de fatores contribuem para o ambiente de incerteza que domina a economia brasileira e esse sentimento não deve se dissipar tão cedo, na visão da economista Anna Carolina Lemos Gouveia, do FGV IBRE.
“Há uma sensação de desaceleração que vem ficando mais forte nos últimos meses nas principais economias, com os bancos centrais nos Estados Unidos e Europa subindo juros. No Brasil essa tendência não é diferente, o que tenderá a manter a incerteza flutuando em níveis ainda desconfortáveis”, afirmou Anna Carolina, em texto publicado no blog Conjuntura Econômica.
Dados do Indicador de Incerteza da Economia (IIE-Br) do FGV IBRE, divulgados recentemente, apontam que em junho o Indicador tinha registrado alta de quase 5 pontos em relação a abril, quando o IIE-Br havia recuado para 114,9 pontos, chegando pela primeira vez ao nível pré-pandemia.
Veja o gráfico abaixo:
A economista do IBRE reforça o diagnóstico de um segundo semestre com manutenção da incerteza em um nível moderadamente elevado.
“Economistas têm previsto certa desaceleração do setor de serviços, depois da recuperação observada nos últimos meses; também teremos eleições, outro fator já contratado de incerteza adiante. Isso tudo, somado à desaceleração econômica mundial, não nos permite alimentar perspectivas melhores para os próximos meses”, afirma.
Inflação também preocupa
Anna Carolina ainda destaca que as preocupações em torno da trajetória inflacionária se mantêm altas.
Ela lembra que as medidas de estímulo econômico – e que a princípio ainda se acomodam no orçamento fiscal – , trazem risco inflacionário para 2023.
“Observamos incertezas no mercado quando se trata da expectativa para a inflação daqui 12 meses. Há quem diga que vai cair para 8% ao ano, outros que pode chegar a 6%, numa variação muito alta, fruto das medidas aprovadas no Congresso”, afirma.