Dados divulgados na última sexta-feira pelo Banco Central mostram que a dívida bruta do Brasil caiu a 78,2% do PIB (Produto Interno Bruto) em maio, contra 78,9% no mês anterior.
No entanto, é importante lembrar que o Brasil utiliza uma metodologia própria, diferente daquela que é usada pelos demais países, inclusive pelas agências de classificação de risco.
“A metodologia internacional considera os títulos livres na carteira do Banco Central, enquanto a metodologia brasileira os exclui”, explica Richard Rytenband, economista e CEO da Convex Research.
Por está ótica, a dívida pública bruta subiu para 89,50% do PIB em maio (ante a 89,39% do PIB em abril), enquanto o seu custo subiu em maio, com a taxa de juro implícita no acumulado em 12 meses atingindo 9,8% aa (estava 7,9% aa em janeiro).
“Ao contrário do que se propaga, a dívida pública se encontra em patamar elevado e com seu custo subindo”, destaca Rytenband.
A Dívida Bruta é um dos parâmetros utilizados pelas agências de classificação de risco para avaliar a solvência de uma economia. Isso quer dizer que quanto maior for a dívida, maior o risco de um calote e menor a nota atribuída ao país pelas agências de risco.
Atualmente, a nota do Brasil nas principais agências de risco mostra que ainda há muitas dúvidas em relação à solidez da economia e a situação fiscal do Brasil. Tanto na S&P quanto na Fitch Ratings, o Brasil tem nota BB-, enquanto a notado país na Moody’s é Ba2.
Nos três casos, as pontuações significam que o país não possui o chamado “grau de investimento”, uma espécie de “selo de bom pagador” que ajuda a atrair capital de longo prazo para a economia.
Uma das consequências de um défict fiscal elevado é a diminuição do investimento público, que já vinha em níveis baixos e tende a piorar.
Além disso, quanto maiores as incertezas do país, menores são os investimentos do setor privado, já que os empresários buscam um ambiente estável e de previsibilidade para fazer grandes investimentos de longo prazo.
Atraso na apresentação
A apresentação dos dados de maio sobre a dívida originalmente ocorreria no fim de junho, mas as divulgações pelo BC seguem atrasadas, mesmo após o fim da greve de servidores do órgão.
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