De acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, publicada hoje (19) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, a taxa de desemprego do Brasil caiu para 8,1% no trimestre finalizado em novembro de 2022. Este é o sexto trimestre móvel consecutivo com queda.
Portanto, uma queda de 0,9 ponto percentual (p.p.) frente aos três meses anteriores (8,9%), e também a menor desde o trimestre finalizado em abril de 2015.
O IBGE apontou que o número de desempregados recuou para 8,7 milhões, o menor desde o trimestre terminado em junho de 2015.
Segundo Adriana Beringuy, coordenadora de Pesquisas por Amostra de Domicílios do IBGE, a retração no trimestre encerrado em novembro é explicada pelo aumento de 0,7% na ocupação no período, que novamente atingiu o maior nível da série histórica da pesquisa, iniciada em 2012. Esse percentual equivale a um acréscimo de 680 mil pessoas no mercado de trabalho.
“Embora o aumento da população ocupada venha ocorrendo em um ritmo menor do que o verificado nos trimestres anteriores, ele é significativo e contribui para a queda na desocupação”, afirmou a pesquisadora.
Beringuy explicou que as quedas sucessivas na taxa de desocupação também foram um reflexo do aumento no número de ocupados, em um movimento de recuperação do mercado de trabalho observado desde 2021.
“A partir desse momento, houve essa expansão da população ocupada, primeiramente dos trabalhadores informais e, depois, do emprego com carteira assinada nos mais diversos grupamentos de atividades, como comércio e indústria. Mais recentemente, também houve aumento nos serviços, que exercem um papel importante na recuperação da população ocupada no país”.
Destaque para o setor privado
O principal impacto sobre o aumento da ocupação no trimestre veio da categoria de empregados com carteira assinada no setor privado, que ampliou o seu contingente em 2,3% (817 mil pessoas a mais).
No acumulado do ano, o contingente de trabalhadores com carteira no setor privado se expandiu 7,5%, um crescimento de 2,6 milhões de pessoas.
“Desde o segundo semestre de 2021, observamos o crescimento dessa categoria. É um registro importante, uma vez que não apenas indica o aumento do número de trabalhadores, mas também sinaliza a redução na informalidade da população ocupada”, disse a coordenadora.
Porém, em comparação ao trimestre anterior, o número de empregados sem carteira no setor privado ficou estável. No trimestre até novembro, esse contingente representava 13,3 milhões de pessoas.
No confronto anual, houve aumento de 9,3% (ou 1,1 milhão de pessoas).
Trabalho informal
Uma categoria representativa dentro do mercado de trabalho informal é a dos empregadores sem CNPJ, que ficaram estáveis frente ao trimestre anterior e ao mesmo período de 2021.
No caso de trabalhadores por conta própria sem CNPJ, houve queda de 2,9% frente ao trimestre anterior (menos 563 mil pessoas) e 4,1% em relação ao trimestre terminado em novembro de 2021 (menos 796 mil).
Foram esses resultados que impactaram a queda de 0,8 p.p. da taxa de informalidade, que chegou a 38,9% – a menor desde o trimestre encerrado em novembro de 2020 (38,7%). Esse valor representa um contingente de 38,8 milhões de trabalhadores informais.
“Nesse período, houve uma expansão do emprego com carteira de trabalho e também uma retração do trabalhador por conta própria, que responde por parte significativa do trabalho informal. A queda nesse número acabou influenciando a taxa de informalidade”, analisou Beringuy.
Considerando os empregadores como um todo, somados formais e informais, a categoria ficou estável frente aos três meses anteriores, mas cresceu 12,0% em relação ao mesmo período de 2021. O resultado foi impactado pelo crescimento de 12,5% no número de empregadores com CNPJ, o que equivale a 389 mil pessoas.
Portanto, com o aumento do número de trabalhadores, o nível da ocupação – que é o percentual de ocupados na população em idade de trabalhar – foi estimado em 57,4%, uma variação de 0,3 p.p. frente ao trimestre anterior (57,1%).
Queda do número de desalentados
A população fora da força de trabalho cresceu 1,0% no trimestre, o que representa 660 mil pessoas a mais.
Porém, entre os que formam a força de trabalho potencial, houve uma redução de 454 mil pessoas (-5,8%). Essa categoria contempla aqueles que não estavam ocupados nem procuravam uma vaga no mercado, mas tinham potencial para se transformarem em força de trabalho.
No mesmo período, os desalentados foram estimados em 4,1 milhões, uma redução de 4,8% frente ao último trimestre (ou menos 203 mil pessoas).
Nos grupamentos de atividades investigados pela pesquisa, houve aumento no contingente de trabalhadores dos setores de Informação, Comunicação e Atividades Financeiras, Imobiliárias, Profissionais e Administrativas (2,6%, ou mais 307 mil pessoas) e Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (1,8%, ou mais 319 mil pessoas).
Nesta última categoria, os segmentos de saúde e educação se destacaram no avanço da ocupação.
No caso do setor comercial, que costuma oferecer mais oportunidades de trabalho com a proximidade das festas de fim de ano, não houve um avanço significativo em comparação com o trimestre anterior.
Aumento do rendimento
O rendimento médio real foi estimado em R$ 2.787, um aumento de 3,0% em relação ao trimestre encerrado em agosto. Quando comparado ao mesmo trimestre do ano anterior, o crescimento foi de 7,1%.
Além disso, a massa de rendimento também cresceu nas duas comparações, chegando a R$ 273 bilhões, novamente atingindo um recorde na série histórica da pesquisa. Ante ao trimestre anterior, o aumento foi de 3,8%, ou mais R$10,1 bilhões.
“A massa de rendimento vem crescendo ao longo do ano. No trimestre encerrado em novembro, o crescimento foi influenciado simultaneamente pela expansão no número de trabalhadores e pelo aumento do rendimento médio real”, disse Adriana Beringuy.
Na comparação com o mesmo trimestre de 2021, houve aumento de 13,0%, um acréscimo de R$ 31,4 bilhões.
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