Nesta quinta-feira (24), o banco central da Turquia cortou sua taxa de juros em 1,5 ponto percentual, para 9%. Como esperado pelo mercado, o BC decretou o interrompimento do ciclo de afrouxamento. Depois do anúncio, a lira enfraqueceu para uma mínima recorde de 18,66 contra o dólar.
A decisão atende ao pedido do presidente Tayyip Erdogan de uma taxa de um dígito até o final do ano, apesar da inflação acima de 85%.
Considerando o corte anunciado hoje, o BC da Turquia já reduziu os juros em um total de 5 pontos percentuais em quatro meses. O banco afirma que o estímulo é necessário dados os sinais de desaceleração econômica, mesmo quando os bancos centrais em todo o mundo correm na outra direção.
“É extremamente importante que as condições financeiras permaneçam dando suporte… em um período de incertezas crescentes em relação ao crescimento global, bem como uma maior escalada dos riscos geopolíticos. Considerando os riscos crescentes relativos à demanda global, o Comitê avaliou que a taxa atual é adequada e decidiu encerrar o ciclo de corte de juros que começou em agosto.”, disse a entidade.
Desde o ano passado, a inflação no país disparou, muito por conta do ciclo de flexibilização pouco ortodoxo estimulado por Erdogan, o que desencadeou uma crise cambial no final do ano passado.
Em outubro, o presidente disse que o banco continuaria a reduzir os juros todos os meses “enquanto eu estiver no poder”. Tido como um “inimigo” autodeclarado das taxas de juros, Erdogan pretende impulsionar os investimentos, a produção, as exportações e o emprego, ao mesmo tempo em que reduz as taxas de acordo com seu programa econômico.
Seis dos sete economistas consultados pela Reuters esperam uma mudança para um aperto monetário, que levaria a taxa a uma faixa de 16% e 35% em 2023.
A previsão dos analistas é de que a trajetória monetária dependerá de Erdogan ser reeleito em uma eleição presidencial em maio ou junho do próximo ano. Uma vitória da oposição poderia levar a Turquia retornar às políticas econômicas ortodoxas. Não é esperado uma mudança até as eleições.
O BC projeta que inflação cairá para 65,2% até o final de 2022, graças aos efeitos base em dezembro, em comparação a uma estimativa de 70,25% na última pesquisa da Reuters.
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