Pelo segundo ano seguido, o Banco Central admitiu que não conseguirá cumprir a meta de inflação projetada para o ano de 2022. A probabilidade de o índice fechar o ano acima do teto de 5% é de 88% a 97%, segundo cálculos do banco.
A expectativa é de o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) atinja os 7,10% em 2022 e 3,40% no ano que vem.
As informações fazem parte do Relatório Trimestral de Inflação (RTI), divulgado nesta quinta-feira – que também estima a trajetória que o mercado financeiro considera para as taxas de juros e câmbio neste ano e em 2023.
Tendo como base a taxa básica de juros, Selic, o cálculo da probabilidade do furo da meta varia conforme o Relatório de Mercado Focus e o câmbio atualizado com base na Paridade do Poder de Compra (PPC).
De acordo com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, grande parte desse cenário de crescimento econômico baixo e inflação maior se deve ao conflito entre Rússia e Ucrânia, que resultou no retorno da alta do preço das commodities.
“A principal pressão sobre a inflação ao consumidor no próximo trimestre decorre dos preços de combustíveis, refletindo a recente elevação do preço de petróleo. Os reajustes dos preços de produtos farmacêuticos, que sofrem grande influência da inflação passada, também devem ter importante contribuição”, disse o BC.
A guerra também deve repercutir nos preços dos alimentos, pois se formaram gargalos nas cadeiras produtivas globais.
“Espera-se que os preços de bens industrializados continuem apresentado alta relevante, apesar da redução das alíquotas de IPI, considerando a persistência das pressões sobre as cadeias de suprimentos e os preços de commodities, que foram inclusive agravadas pelo conflito”.