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As lições tiradas da falência da FTX

A falência da exchange FTX começou oficialmente em 7 de novembro, mas seus impactos afetam o mercado de criptomoedas até hoje. No entanto, o caos também serve para trazer oportunidades para quem está preparado. E quem não puder aproveitar as oportunidades para comprar, aprenderá as lições do colapso.

Nos últimos dias, a FTX enfrentou a queda forte de seu token FTT, descobertas de fraudes, relações escusas e, por fim, um pedido de recuperação judicial. A exchange também bloqueou saques de usuários, impedindo que eles tivessem acesso ao seu próprio dinheiro.

Portanto, não faltam lições a serem aprendidas com o caso FTX em termos de segurança, transparência e cuidados com suas criptomoedas. Veja as cinco principais destas lições que podem te ajudar a evitar perder dinheiro com exchanges no futuro

Risco de falta de transparência

O caso da FTX foi resultado de uma grande falta de transparência, sobretudo quanto ao balanço da empresa. Quando o mercado descobriu que a maior parte do balanço da exchange estava em seu próprio token (FTT), ligou-se o sinal amarelo de alerta.

No entanto, não foi a FTX quem revelou essa informação, mas sim uma investigação do Coindesk. A exchange não teve transparência suficiente para com os investidores e clientes, o que, no mercado de criptomoedas, é um grande erro que pode custar a reputação de uma empresa.

Nunca usar os fundos dos clientes em operações

Em suas operações normais, uma exchange nada mais é do que uma plataforma de compra e venda de criptomoedas. Nesse sentido, elas deveriam manter 100% dos fundos de seus clientes em caixa, de modo que conseguissem honrar os saques de quem solicitasse as retiradas.

Mas assim como ocorre com os bancos, nem todos os investidores retiram suas criptomoedas das exchanges. A maioria de fato não faz isso, por questões de praticidade ou por uma falsa sensação de segurança. E os fundos “presos” nas contas tornam-se uma grande tentação para as corretoras.

No caso da FTX, a empresa gastou os bilhões de dólares que devia a usuários em trades mal sucedidos, contratos milionários de patrocínios e doações para políticos. Quando a crise atingiu o mercado, a empresa não tinha liquidez suficiente para honrar com os saques.

Isso não apenas é antiético, mas é também uma fraude com os clientes da plataforma. E a FTX agora paga o preço de sua má gestão de recursos.

Marketing e lucro nem sempre são garantias de sucesso

Enquanto a FTX crescia e se tornava a terceira maior exchange do mundo – atrás de Coinbase e Binance –, o lucro da empresa também aumentou. A FTX registrou lucros de US$ 1 bilhão em 2021, o que fazia dela uma das exchanges mais lucrativas do mundo.

Só que boa parte desse lucro não foi reinvestido nas operações da empresa ou pago em dividendos aos acionistas. Pelo contrário, a FTX queimou milhões de dólares em publicidade, incluindo altas cifras em esportes.

Nesse sentido, a empresa assinou um contrato de US$ 135 milhões com o estádio do time de basquete Miami Heat por 19 anos (U$ 135 M) e U$ 210 M pra patrocinar o TSM por 10 anos. E, o que é pior, a FTX investiu US$ 40 milhões em doações para candidatos democratas em 2022, além da campanha de Joe Biden em 2020.

Portanto, o lucro da empresa não gerou um resultado positivo, mas sim uma grande destruição de capital.

Nunca use uma exchange como se fosse um banco

Pouco antes de falir, a FTX anunciou o bloqueio de saques em sua plataforma, em parte porque a exchange não tinha dinheiro para pagar os clientes. Quem deixou suas criptomoedas guardadas lá “por segurança” acabou ficando horas sem conseguir acessar sua conta.

E esse caso não foi isolado, pois a empresa de empréstimos Genesis também bloqueou os saques dos clientes dias após a crise da FTX. Aliás, 2022 foi o ano de bloqueios de saques, com empresas como BlockFi, Voyager Digital, Three Arrows Capital e outras recorrendo a esta prática.

Por isso, se você investe em criptomoedas para o longo prazo, jamais utilize uma exchange como se fosse um banco. Tenha sua carteira pessoal e guarde seu dinheiro em segurança num local onde você possa acessar suas chaves privadas.

Prova de Reserva não é uma bala de prata

O colapso da FTX levou o mercado de exchanges a buscar formas de garantir mais transparência aos investidores. A Binance, por exemplo, anunciou que faria um sistema de Prova de Reserva (PoR, na sigla em inglês), sistema que depois foi adotado pelas rivais OKX e Crypto.com.

O sistema PoR é baseado em um dispositivo criptográfico que pode ser utilizado para que as exchanges de criptomoedas atestem o estado de seus balanços financeiros, bem como os ativos dos clientes que mantêm sob sua custódia. 

Em outras palavras, o PoR utiliza dados da própria blockchain para provar que as exchanges possuem o dinheiro que dizem possuir. A prova é pública e qualquer pessoa – cliente da exchange ou não – consegue verificar as reservas.

Só que não basta as exchanges declararem que possuem as reservas de seus clientes em ordem: elas também precisam declarar que não possuem dívidas elevadas. Afinal, se uma exchange declara que possui US$ 5 bilhões em ativos, mas tem US$ 10 bilhões em passivos que o mercado não conhece, essa plataforma ainda corre risco de solvência.

Por isso, as exchanges também precisam desenvolver mecanismos para provar sua solvência, de modo a mitigar os riscos de falência e os efeitos disso sobre os clientes. Apenas uma combinação de PoR e prova de solvência vai ajudar as empresas a melhorar seus balanços e evitar que novas FTX ocorram. 

Entre em contato com a redação Money Crunch: [email protected]

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