Quatro forças principais têm moldado o desempenho da atividade econômica este ano vão continuar a fazê-lo em 2023, segundo economistas da FGV (Fundação Getulio Vargas). São elas: as políticas monetária e fiscal, a geopolítica e a normalização das condições sanitárias. Nesta última está incluída a decisão das famílias sobre o que fazer com a poupança acumulada na fase de isolamento social.
“O sentido e a intensidade dessas forças, porém, devem mudar bastante deste para o próximo ano, gerando resultados igualmente diferentes”, afirmam os economistas Armando Castelar Pinheiro e Silvia Matos, na publicação “Boletim Macro” da FGV.
Segundo eles, mesmo que a atividade tenha sido mais forte do que o esperado no primeiro semestre de 2022, há muitos receios de que os próximos semestres sejam muito desafiadores para o consumo das famílias e a economia em geral.
Mesmo que estímulos fiscais e reduções temporárias de preços de energia e de outros preços administrados ajudem a economia na segunda metade do ano, elas “perderão força, ou inverterão o sinal, em 2023”.
“Os efeitos contracionistas da política monetária se tornarão cada vez mais fortes, mesmo que o BCB comece a reduzir a Selic ainda em 2023, como aposta o mercado. A desaceleração da economia mundial, por sua vez, deve impactar negativamente os preços das commodities, ainda que não a ponto de esses retornarem ao patamar pré-pandemia. E o efeito da normalização das condições sanitárias deve perder significância, exceto, talvez, na China”, afirmam os economistas.
Eles pontuam que já está em curso um processo de desaceleração da atividade econômica, de acordo com indicadores de confiança setorial e do consumidor do FGV IBRE.
“Com relação ao comércio, a tendência continua a ser de retração, sendo que também esperamos contração do varejo ampliado neste terceiro trimestre. Com relação aos serviços, mesmo que julho ainda tenha sido favorável ao setor, a prévia da Sondagem para agosto já aponta contração no mês”, alertam.