Na passagem do 2º trimestre para o 3º trimestre deste ano, o Indicador de Clima Econômico (ICE) da América Latina recuou 12,6 pontos, ficando no patamar de 54,7 pontos, considerado como zona desfavorável (abaixo de 100 pontos).
O resultado faz parte de um levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).
Os dois componentes do ICE registraram queda em relação ao trimestre imediatamente anterior:
- Indicador das Expectativas (IE): recuou 21,7 pontos, para 65,5 pontos;
- Indicador da Situação Atual (ISA): caiu 4,5 pontos, para 44,3 pontos.
A piora nas expectativas acende um sinal de alerta, pois indica que os especialistas esperam uma desaceleração econômica para os próximos meses. Todos os indicadores estão na zona desfavorável do ciclo econômico.
disse a FGV em nota
No período em questão, o Clima Econômico no Brasil caiu 8,2 pontos, passando para o patamar de 54,5 pontos. O Indicador de Situação Atual do País subiu 12,9 pontos, para 42,9 pontos, enquanto o Indicador de Expectativas recuou 33,3 pontos, para 66,7 pontos.
Apenas dois países registraram melhora no ICE entre o segundo trimestre e o terceiro trimestre de 2022: o Paraguai, com aumento de 9,9 pontos, para o patamar de 101,1 pontos, e a Bolívia, com elevação de 1,7 ponto, para 67,6 pontos.
A maior queda ocorreu no Uruguai, com um recuo de 27,0 pontos, para 122,6 pontos. O Uruguai e o Paraguai são os únicos países com ICE na zona favorável, acima dos 100 pontos.
Problemas de abastecimento
Desta vez, a FGV incluiu na sondagem uma pergunta sobre gargalos no acesso a insumos, uma vez que as cadeias de produção e de logística que estavam se reorganizando durante 2021 foram impactadas pelo lockdown na China e pela guerra na Ucrânia.
Segundo a instituição, apenas na Argentina predominam respostas que consideram os problemas de abastecimento graves.
Nesse caso, questões domésticas de acesso às divisas para efetuar transações internacionais devem estar influenciando as respostas. Responderam com porcentuais iguais ou acima de 50% no quesito – sim, de forma moderada/leve – todos os países, exceto Argentina e Uruguai.
afirma o texto
No Uruguai, especialistas avaliaram que ‘nunca teria enfrentado esse problema’.
Passando para o cenário brasileiro, 13,3% responderam afirmando ser afetados de forma grave, o que estaria diretamente relacionado a gargalos no fornecimento de chips e semicondutores. As respostas de ‘forma leve/moderada’ também identificaram problemas no abastecimento de chips/semicondutores.
A pesquisa mostrou como mais prejudicado o fornecimento de insumos da agroindústria (35%), seguido de energia (14%), chips e semicondutores (13%), outros insumos da indústria de transformação (11%) e diversos (11%). Os demais itens citados tiveram menos de 10% de menções.
É interessante observar que os insumos da agroindústria constituem o principal gargalo. Para o Brasil, como antes mencionado, a questão não parece ser prioritária, apesar da importância do setor nas exportações brasileiras. Alguns setores da agroindústria podem estar tendo dificuldades, entretanto, no agregado das importações, o aumento no volume indica que a oferta de fertilizantes e adubos está crescendo.
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