Nas faixas de renda utilizadas para o cálculo do IPC (Índice de Preços ao Consumidor) da FGV, a diferença entre a inflação dos 10% mais ricos e dos 10% mais pobres aumentou em julho. Após a redução dos preços de combustíveis e outros valores controlados pelo poder público, essa diferença chegou a 0,69 ponto percentual, maior valor desde dezembro de 2020 (0,81 ponto).
Enquanto as famílias na faixa de 1 a 1,5 salários mínimos tiveram deflação de 0,36% no mês passado, aquelas com renda entre 11,5 a 33 mínimos sentiram uma queda de preços de 1,05%.
A diferença se dá pelo fato de que os preços dos alimentos, item que mais pesa na cesta da baixa renda, estavam em aceleração em 2020, mesmo movimento registrado atualmente.
Porém, paralelamente, a inflação de itens como transportes, educação e recreação, que pesam mais no orçamento da alta renda, está em queda.
O grupo transportes, influenciado pela redução no preço e nos impostos sobre a gasolina, registrou deflação de 3,66% para os mais pobres e de 4,68% para os mais ricos.
Em 12 meses, o IPC da FGV acumula alta de 7,82% para os mais pobres e 7,43% para os mais ricos. Nos alimentos, a alta é de 16,2% e 13,8%, respectivamente, nas duas faixas.
Dada a projeção da instituição de que os alimentos terminem o ano com uma inflação acima de 10%, a previsão é que esse movimento se acentue nos próximos meses.
O economista André Braz, do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), diz que os mais pobres sofrem também com a falta de proteção contra a alta de preços, já que os mais ricos têm acesso a produtos financeiros que garantem a rentabilidade do seu dinheiro.
O indivíduo mais pobre tem uma sensação menor desses efeitos das reduções do ICMS e não tem proteção contra o processo inflacionário. Para eles, a sensação de inflação está na alimentação.
explicou André Braz
Braz afirma que a inflação de alimentos em 12 meses pode ter alcançado o pico deste ano em julho, para iniciar uma desaceleração nos próximos meses. Ainda assim, deve fechar o ano em dois dígitos.
A inflação de alimentos deve ceder por conta dessa desaceleração de grandes economias. A gente tem visto que as commodities agrícolas têm caído muito. Os grãos podem ajudar a desacelerar a inflação daqui para a frente, o que vai ser bom para os menos favorecidos
De acordo com outro indicador, o IPC FX, índice da Fipe que mede a inflação na cidade de São Paulo por faixa de renda, a deflação nos preços ao consumidor registrada em julho beneficiou apenas as famílias com renda mensal acima de oito salários mínimos (R$ 9.696).
A diferença nos índices de preços se deve a fatores como abrangência geográfica, metodologia e período de coleta, entre outros.
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