Os preços dos alimentos no país voltaram a ganhar força, dado que, no acumulado de 12 meses, a inflação do grupo de alimentação e bebidas se aproximou novamente de 15%, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Dados divulgados na última terça-feira (9) mostram que, até julho, a alta chegou a 14,72%. No mês anterior, o valor era de 13,93%.
O IPCA contempla nove grupos de produtos e serviços. Apenas vestuário (16,67%) subiu mais do que alimentação e bebidas até julho.
Entre os alimentos pesquisados no IPCA, as maiores variações no acumulado de 12 meses até julho vieram de mamão (99,39%), melancia (81,6%), cebola (75,15%), morango (73,86%), batata-inglesa (66,82%) e leite longa vida (66,46%).
O acumulado mais recente é o mais intenso desde fevereiro de 2021. À época, o grupo registrava inflação de 15% em 12 meses.
De acordo com Luca Mercadante, economista da Rio Bravo Investimentos, a inflação dos alimentos está associada a um conjunto de fatores.
Entre eles, problemas na oferta com o clima adverso no início do ano, aumento dos custos produtivos e efeitos da Guerra da Ucrânia.
No primeiro trimestre, o conflito iniciado no leste europeu foi responsável por turbinar cotações de commodities agrícolas no mercado internacional. Os recentes sinais de trégua das commodities no mercado internacional podem gerar algum alívio para os preços dos alimentos até o final do ano.
Porém, essa desaceleração tende a ocorrer em um ritmo mais lento do que em outros grupos, já que ainda há incertezas no cenário de oferta e demanda, explicou Mercadante.
A mesma visão é compartilhada por Sergio Vale, economista-chefe da consultoria MB Associados. Sergio vê preços de alimentos em um nível ainda elevado nos próximos meses, mesmo com uma possível perda de fôlego. No acumulado até o final de 2022, Vale projeta uma desaceleração do grupo para perto de 12%.
Na composição do IPCA, apenas o segmento de transportes pesa mais do que alimentação e bebidas. No acumulado de 12 meses, a inflação de transportes desacelerou de 20,12% em junho para 12,99% em julho.
O alívio foi puxado pela trégua observada nos combustíveis, com destaque para a gasolina – os preços passaram a cair com os recentes cortes nas alíquotas de ICMS (imposto estadual).
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