De acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o país iniciou o segundo semestre com novo recorde de brasileiros endividados e inadimplentes.
Em julho, 29% das famílias tinham algum tipo de conta ou dívida atrasada, o maior patamar de inadimplência desde 2010, quando teve início a série histórica da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic).
O porcentual de famílias endividadas subiu a um ápice de 78% em julho, um aumento de 0,7 ponto porcentual ante junho.
A CNC afirma que o aumento da inadimplência indica que as medidas de governo de estímulo ao consumo, como os saques extras do FGTS e a antecipação do 13º salário aos beneficiários do INSS, tiveram efeito apenas momentâneo no pagamento de contas ou dívidas em atraso, concentrado no segundo trimestre deste ano.
Na passagem de junho para julho, o total de inadimplentes aumentou 0,5 ponto porcentual. Em relação a julho de 2021, houve uma elevação de 3,4 pontos porcentuais na proporção de lares em situação de inadimplência.
Em relação a julho do ano passado, a proporção de lares endividados teve um crescimento de 6,6 pontos porcentuais.
O porcentual de comprometimento da renda permanece no mesmo valor, em 30,4%, desde abril, mas 22% dos brasileiros estão com mais da metade dos rendimentos comprometidos com dívidas
apontou a CNC, em nota
A pesquisa mostrou que 10,7% das famílias afirmaram não ter condições de pagar seus débitos já atrasados, ou seja, permanecerão inadimplentes. A alta em relação a junho foi e 0,1 ponto percentual.
A maioria dos que permanecerão sem pagar contas ou dívidas já atrasadas de meses anteriores está entre os consumidores que não concluíram o ensino médio (13%), que também foram os que mais precisaram atrasar pagamentos no próprio mês de julho (33,3%).
As classes de despesas das famílias que ganham menos são justamente as que tiveram maiores aumentos recentes de preços, então elas acabam gastando uma parcela maior do orçamento para fazer frente ao aumento da inflação. Ou seja, as famílias com menor renda foram mais afetadas e aumentaram o endividamento, a despeito dos juros altos, para sustentar seu nível de consumo
explicou Izis Ferreira, economista responsável pela pesquisa da CNC
A proporção de endividados entre famílias que recebem mais de dez salários mínimos por mês subiu a 75,0% em julho, enquanto que o total de lares com dívidas entre os que recebem até dez salários mínimos avançou a 78,8%.
Modalidade de dívidas
Houve edução pelo terceiro mês consecutivo nas contas a pagar em cartão de crédito. Do total de endividados, 85,4% tinham dívidas no cartão de crédito em julho ante uma fatia de 88,8% em abril deste ano.
As famílias têm buscado alternativas de crédito mais baratas por conta dos juros elevados. Com isso, carnês de loja e crédito pessoal foram as modalidades que avançaram no endividamento, neste início de semestre, representando 18,8% e 9,2% do total de famílias com dívidas, respectivamente.
disse Izis
O levantamento mostrou ainda uma queda nos financiamentos de automóveis e da casa própria. Em julho de 2021, 12,6% das famílias pagavam prestações de carro e 9,7%, de casas. Em julho deste ano, apenas 10,6% das famílias pagam financiamento de carro, enquanto a fatia comprometida com prestações da casa própria desceu a 7,6%.
O motivo para menor uso de crédito de longo prazo também é o crescimento dos juros, que aumentaram em média 5,8 pontos porcentuais em um ano, para carros, e 2,8 p.p., no caso da aquisição de imóveis pelas pessoas físicas
justificou a CNC
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