Na visão de Fábio Araújo, diretor do Banco Central do Brasil, o Bitcoin é uma inovação financeira com uso de novas tecnologias e conseguiu criar uma base sólida para um ecossistema de inovações.
A afirmação de Araújo foi feita na última quarta-feira (3), durante o evento promovido pela Saint Paul Escola de Negócios em parceria com o Mercado Pago para jornalistas.
Na ocasião, o diretor explicou que o BC está aprimorando os conhecimentos sobre a tecnologia blockchain e DLT, em busca de lançar o Real Digital. A expectativa é que o Bacen resolva em 2024 se irá lançar essa moeda digital ou não.
Em sua análise sobre o Bitcoin, Fábio pontuou que a criptomoeda não tem características de um meio de pagamento, mas sim de uma ação, já que é muito volátil e de alto risco.
A gente começa a acelerar isso em 2009, com o lançamento do Bitcoin, com a tecnologia de banco de dados distribuído que facilita a criação da Web3. A aplicação do Bitcoin traz a solução de Prova de Trabalho, que é uma coisa fundamental para os serviços que a Web3 traz para a população.
disse Araújo
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Juntamente, Araújo também elogiou a criação do Ethereum como uma tecnologia que trouxe os avanços dos contratos inteligentes.
Depois tivemos o avanço muito importante, que foi a inclusão dos smart contracts, que basicamente segue o padrão definido pela Ethereum, que com isso você consegue além de incluir valor de forma criptografada e segura, você consegue incluir partes de códigos que vão manipular valores de acordo com regras pré-estabelecidas e isso aumenta muito a eficiência do sistema financeiro.
Análise sobre DeFi
Ao comentar as as inovações financeiras com Bitcoin, Ethereum, DeFi, Web3 e stablecoins, o diretor do BC alegou que a instituição se diz inspirada a criar soluções com base nessas tecnologias.
O Real digital será uma importante stablecoin para o Brasil, caso venha a ser criada. Dessa forma, o banco central brasileiro espera ser a porta de entrada para o DeFi, em um momento em que novas soluções bancárias seriam criadas.
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Em seu discurso, Fábio lembrou que no atual sistema brasileiro já existe uma versão de uma “CBDC sintética”, que seria uma junção do PIX com o e-money e Acesso Universal. Contudo, esse atual modelo de CBDC não permite o dinheiro programável, que é a próxima fase que o Banco Central espera implementar no país.
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Atuação dos bancos
Quando questionado sobre como o Banco Central do Brasil vê a entrada dos bancos no mercado cripto concorrendo com corretoras, o diretor disse que como a oferta dos bancos para seus clientes é de um ativo digital, altamente volátil e que gerentes não poderão ofertar com facilidade para sua base de investidores.
O problema que eu vejo é sobre suitability e neste ponto os bancos são muito eficientes. Então se os bancos vão lançar negociações de criptoativos, não vemos problemas nessa questão, pois essas são instituições reguladas e seguras.
Atualmente, os bancos só estão esperando a definição legal para entrarem no mercado com suas operações.
Sobre a questão da regulação, Fábio explicou que a CBDC é um dinheiro em formato digital e o Bitcoin é um ativo, ou seja, são tecnologias que não concorrem e o Bacen não entende haver relação entre elas, mesmo que o Real digital busque inspirações na tecnologia criada pelo BTC.
Com relação à concorrência com os criptoativos, acho que essa é uma pergunta muito boa, porque apesar de a CBDC usar a tecnologia que dá suporte aos criptoativos, CBDC não é um criptoativo. A CBDC é uma expressão do Real dentro do ambiente em que os criptoativos operam, da mesma forma que o Real não compete com ativos listados em bolsa.
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A implementação do Real digital seria para trazer uma nova infraestrutura para o mercado financeiro local.
“A CBDC é uma oportunidade para trazer inteligência e programabilidade para os sistemas de liquidação e fazer uma ponte entre as finanças tradicionais e as finanças Web3 que a gente vê que está crescendo e se tornando importante.”
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