Diante de um cenário de inflação cada vez mais alta em todo o mundo, a importância do investimento em ativos tangíveis como ouro e a prata vem sendo cada vez mais reconhecida pelos investidores.
Durante aula exclusiva aos alunos do treinamento Master em Bitcoin, Tavi Costa, portfolio manager da Crescat Capital, gestora de recursos com sede em Denver (EUA), conversou com Thata Saeter, diretora de operações da Convex Research sobre a construção de um portfólio de longo prazo utilizando metais preciosos.
O gestor destacou o forte avanço da inflação nos EUA e em outros países como um dos principais drivers para o investimento em ouro e prata. Em junho, o CPI (Índice de preços ao consumidor, na sigla em inglês) dos EUA subiu 0,9%, elevando a inflação anual a 5,4%, muito acima das projeções do mercado.
Quando consideramos apenas o núcleo de inflação, que exclui itens considerados mais voláteis, como alimentos e energia, o sinal é ainda mais forte: ele está no maior patamar desde 1992.
“O crescimento de preços de serviços e produtos aqui nos Estados Unidos tem sido muito mais severo do que o governo publica, na minha opinião. Sempre vivenciamos isso no Brasil, mas aqui nos EUA essa diferença nunca foi tão grande”, afirmou Tavi.
Para o gestor, este aumento de preços não é algo transitório, como insistem em dizer as autoridades. O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, já declarou algumas vezes que a inflação se deve a fatores temporários e não deve permanecer por um longo período.
Tavi discorda. “A onda de aumento de preços deve cada vez mais se infiltrar no sistema financeiro dos EUA, o que vai mudar muito o ambiente de investimentos”, disse o gestor da Crescat Capital.
Um fator que ele considera bastante relevante para o processo inflacionário é o aumento dos salário nos Estados Unidos. “Estamos observando muitos sinais que indicam que os salários vão começar a crescer de forma acelerada no país. O custo de vida está aumentando, alugueis estão mais caros. Com isso, haverá um reajuste que não foi visto nos útimos 30 anos”, destaca.
Mais drivers para exposição em metais preciosos
Existem outros grandes drivers que devem levar ao aumento de preços de metais como o ouro e a prata. Entre eles, Tavi destaca a oferta restrita dos metais, que enfrentam problemas de exploração e produção.
“Temos acompanhado alguns problemas referentes à produção e exploração de commodities em geral. Tivemos uma depressão nesse mercado nos últimos anos, com muita dificuldade de encontrar trabalhadores e profissionais qualificados, como geólogos especializados nesta área. Com isso, tivemos diminuição de investimentos em infraestrutura”, destacou.
Com menos oferta e uma demanda aquecida, a tendência é que os preços dos metais valorizem. Por isso, ele destaca a importância da exposição em metais preciosos para um portólio balanceado com foco no longo prazo.
“Existem muitos gatilhos que podem levar o preço da prata e ouro a continuarem em tendência de alta. Então eu me sinto confortável estando nesse mercado mais ilíquido no momento”, concluiu.