O relatório Prisma Fiscal, divulgado nesta terça (12) pelo Ministério da Economia, mostra que, após 6 meses consecutivos de revisões otimistas, o mercado financeiro piorou sua projeção para o resultado primário das contas do governo federal em 2022, indicando um aumento na previsão para a dívida bruta no ano.
Conforme o documento, que capta projeções de agentes de mercado para as contas públicas, a expectativa para o resultado primário do governo central neste ano ficou em déficit de R$ 20 bilhões, ante rombo de R$ 11,9 bilhões projetado em junho.
A revisão acontece em paralelo com a proposição pelo governo e análise no Congresso da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) para liberar desembolsos por fora do teto de gastos neste ano em aproximadamente R$ 40 bilhões para turbinar benefícios sociais.
Em janeiro deste ano, as revisões das projeções para 2022 começaram a apresentar visões mais positivas, quando os agentes de mercado melhoraram a previsão de rombo fiscal neste ano de R$ 95,5 bilhões para R$ 88,7 bilhões. Os resultados seguintes foram ainda melhores para as contas públicas.
As projeções do mercado para o resultado primário refletem uma elevação na estimativa da despesa total do governo, de R$ 1,770 trilhão para R$ 1,793 trilhão. Houve uma melhora menos intensa nas expectativas para a receita líquida federal, passando de R$ 1,762 trilhão no relatório anterior para R$ 1,775 trilhão na pesquisa deste mês.
A piora fez com que analistas consultados pela pasta aumentassem a expectativa para a dívida bruta do governo geral em 2022 para 79,5% do PIB (Produto Interno Bruto), ante 78,9% na pesquisa de junho.
Em meio à retomada da atividade econômica e alta da inflação, o governo vem registrando recordes de arrecadação. A intenção atual é é converter esse ganho de receitas em cortes de tributos.
Nos últimos meses, já foram anunciados cortes de PIS/Cofins de combustíveis, redução de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para uma série de produtos e cortes de tarifas de importação.
Para o ano que vem, as projeções de mercado indicam déficit primário de R$ 30 bilhões no governo central, ante R$ 24,8 bilhões na estimativa trazida pelo relatório anterior. A dívida bruta deve ficar em 82,50% do PIB, ante 81,75% previstos no mês passado.